Wednesday, June 3, 2009

Petrobras investirá US$ 2,8 bi na produção de biocombustíveis














A Petrobras deverá investir US$ 2,8 bilhões na produção de biocombustíveis, incluindo o etanol de cana-de-açúcar. A empresa destinará US$ 174,4 bilhões para o período 2009-2013. A afirmação foi feita pelo presidente da empresa, José Sergio Gabrielli, durante a sessão plenária “Biocombustíveis em um contexto global”, no Ethanol Summit 2009, em São Paulo. O executivo citou estudo da Wood Mackenzie, que estima para o Brasil a produção de 23 mil toneladas/ano de etanol agora e 544 mil toneladas/ano em 2020; enquanto no sudeste asiático a produção passará de 253 mil para 845 mil toneladas/ano.

Gabrielli diz que o Brasil é o único país do mundo em que o combustível alternativo é a gasolina, que hoje representa menos de 50% do mercado de veículos carros leves, proporção que passará para 17% em 2020. Já o etanol está presente em 22% dos veículos leves e pesados. Os modelos flex fluel somarão 75% da frota em 2020.

Essa composição da frota brasileira não foi alcançada subitamente. Gabrielli lembra que há 40 anos começou a ser criada a infraestrutura que permite hoje entregar etanol em qualquer lugar do País. Existem centenas de produtores, 37 mil postos de abastecimento com ao menos uma bomba de etanol e hoje 97% dos carros produzidos são flex.

Para o resto do mundo o uso do etanol será diferente, acredita Gabrielli. Sua aplicação crescerá, porém como oxidante misturado à gasolina, para consumo final. A Petrobras será a primeira distribuidora de etanol no Japão. Com até 5% de mistura de etanol na gasolina não é preciso investimentos na ponta de distribuição; acima disto até 25% se requer modificações importantes e, a partir daí, estruturais.

Gabrielli questiona protecionismo dos EUA

O presidente da Petrobras provocou o subsecretário de Agricultura dos Estados Unidos, Hon. Dallas Tonsager, durante painel no Ethanol Summit, em São Paulo, para que falasse sobre barreiras tarifárias. Tonsager disse que a produção de etanol nos EUA crescerá de 6 bilhões de galões em 2008 para 11 bilhões este ano e uma projeção de 36 bilhões de galões de biocombustíveis em 2022.

O etanol americano é feito principalmente do milho, o que o presidente da Petrobras classificou de “altamente ineficiente” do ponto de vista energético em comparação com a cana-de-açúcar. E desafiou Tonsager: “A proteção não é sustentável em longo prazo e os Estados Unidos precisam reduzir as barreiras de proteção.” Depois disse que não podemos continuar assim, ou seja, os EUA sendo os maiores produtores de etanol do mundo, mas voltados apenas para o mercado interno, e o Brasil, segundo no ranking, também atendendo só o mercado brasileiro.

Tonsager, no governo americano há duas semanas, justificou que é fazendeiro e passou os últimos 30 anos muito focado em energia, investindo grande esforço pessoal para fazer parte deste mercado, agregar valor: “Continuaremos a desenvolver nosso mercado com força, sem desrespeitar o seu.” Tonsager disse que a economia demorará anos para se recuperar da recessão e que já começa a surgir o começo do protecionismo. Mostrou-se preocupado ainda com o início da produção do etanol no mercado europeu.

Diante da polarização entre Brasil e EUA durante o painel “Biocombustíveis em um contexto global”, o ex-ministro da Agricultura no Brasil, Roberto Rodrigues, decidiu acalmar os ânimos. Lembrou que o Brasil fez sua história com o biocombustível há menos de quatro décadas e que há cinco anos não tinha carros flex. “Outros podem também chegar lá. Podemos buscar com EUA, Japão e Europa o desenvolvimento do etanol e construir um mundo mais agradável”, convidou. “O Brasil tem condição de liderar este projeto.”

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