Tuesday, June 9, 2009

Com uso do etanol, Brasil polui menos


O Estado de S. Paulo - São Paulo - SP

A utilização de etanol por veículos faz com que o Brasil emita muito menos C02, gás causador do efeito estufa, do que se usasse só gasolina. A Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) informa que no ano passado foram consumidos no País 19,6 bilhões de litros do derivado de cana-deaçúcar (somados o anidro, adicionado à gasolina, e o hidratado). Isso gerou 6 milhões de toneladas de C02. A mesma quantidade de gasolina produz 43,6 milhões de toneladas do gás.

Acana absorve o poluente durante a fotossíntese. Daí a compensação do C02 gerada pelo etanol. No ciclo completo, as emissões são até 89% menores do que com gasolina. Para cada mil litros do combustível vegetal são emitidos 309 kg de COz. Para a mesma quantidade de gasolina, são 3.368 kg.

Os dados estão no livro Bioetanol de Cana-de-Açúcar, editado no fim do ano passado, e foram elaborados pelo professor titular do Instituto de Recursos Naturais da Universidade Federal de Itajubá (Unifei) Luiz Augusto Horta Nogueira.

IMPACTO

Apesar dos benefícios do etanol, ao qual mais fábricas têm aderido (leia mais abaixo), há críticas sobre o possível desmátamentò da região amazônica e da migração de culturas.

"Isso não é possível por duas razões: os novos cultivos ocorrem principalmente em áreas de pastagens e o clima da Amazônia não é adequado para a cana-de-açúcar", diz Nogueira.

"Cerca de 70% do desmata- mento ocorre por causa da pecuária", diz o professor Ph.D. do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia da UFRJ, Roberto Schaeffer. "O resto (expansão da soja, por exemplo) responde pelos 30% restantes. Os maiores problemas da cana são as queimadas, onde isso ainda é praticado, e exaustão de solo e de biodiversidade, típica de monoculturas", afirma.

Relatório da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Única) com base em dados do IBGE mostra que o cultivo de cana para etanol ocupa 1% do total de terras aráveis no País. A soja utiliza 5,8% e o milho, 3,9%. Pastagens ficam com 48,6% do total.

Segundo o professor-doutor do departamento de Biotecnologia da Escola de Engenharia de, Lorena, da USP, Marco Aurélio Kondracki de Alcântara, o cultivo na Amazônia é inviável por causa do bioma (tipo de ecossistema) da região. "A camada fértil do solo é rasa e há chuva intensa, ruim para a planta", diz.

O consultor de Emissões e Tecnologia da Única, Alfred Szwarc, informa que atualmente há três usinas produzindo açúcar na Amazônia. "Antigas e com baixa produtividade."

Celulose: o futuro do combustível

Pesquisadores brasileiros desenvolvem o chamado etanol de segunda geração, obtido da celulose encontrada em qualquer vegetal. Esse processo, que só deve estar pronto em cerca de quatro anos, permitirá dobrar a produtividade atual.

O professor-doutor Adilson Roberto Gonçalves, líder do grupo de pesquisa em conversão de biomassa da Escola de Engenharia de Lorena, da USP, afirma que o foco é baixar o custo, principal problema do etanol de celulose. "Trabalhamos no pré-trataménto do vegetal."

Segundo Gonçalves, isso permitirá aproveitar até o bagaço e a palha da cana para gerar combustível partes que nas usinas mais modernas atualmente são queimadas para gerar energia elétrica. Até fibra de bananeira e restos de árvores podem ser usados. "Não há diferença para o etanol de cana", garante Gonçalves. Melhorar o aproveitamento significa gastar menos combustível fóssil para gerar a energia renovável. "Hoje, uma unidade a diesel ou gasolina, por exemplo, aplicada na produção de etanol reverte em 9,3 unidades do combustível renovável", diz o consultor de Emissões e Tecnologia da Única, Alfred Szwarc. "O etanol de celulose poderá dobrar isso."

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