Showing posts with label Utah. Show all posts
Showing posts with label Utah. Show all posts

Friday, December 3, 2021

Crise do clima vira fator de peso para esvaziamento do interior dos Estados Unidos

 




No Arizona, fluxo migratório deságua em Phoenix, onde casas têm dado lugar a prédios, gerando temores de como fornecer água para toda a população


Marina Dias

Lalo de Almeida

Este projeto é patrocinado pelo Pulitzer Center



ARIZONA E NEVADA


O vazio impressiona. Entre Arizona e Nevada, as montanhas e a terra seca contrastam com o céu limpo do deserto, serpenteando quilômetros em que não é possível encontrar ninguém.


Há, claro, exceções, desde uma base da Força Aérea americana que testa drones para serem usados em guerras até uma cidadezinha de menos de 300 habitantes, onde se pode comer um ótimo hambúrguer ao lado de um ferro-velho com carros de época.


Somada às condições socioeconômicas, a crise do clima se tornou um fator de peso para o esvaziamento do interior americano. Estudo publicado em 2018 pelo Journal of the Association of Environmental and Resource Economists mostra que, devido ao caos climático, uma em cada 12 pessoas que hoje vive no sul dos EUA vai migrar para a Califórnia ou regiões montanhosas do oeste e do noroeste do país nos próximos 45 anos.


O cenário deve ampliar ainda mais a pobreza e as desigualdades, além de reforçar a urbanização desordenada que sobrecarrega grandes cidades, deixando-as muitas vezes sem condições de fornecer serviços básicos.


Nossa primeira parada no Arizona é o exemplo mais emblemático desse fenômeno. Phoenix, a capital do estado, ultrapassou a Filadélfia no ano passado e se tornou a quinta maior cidade dos EUA —e a que mais cresce no país. A população foi de 1,4 milhão de habitantes, em 2010, para 1,6 milhão em 2020, aumento de 11,2%.


Por lá, casas têm dado lugar a prédios cada vez mais altos, o que gera temores de como fornecer água para toda a população em meio a temporadas de seca cada vez mais letais. Até setembro deste ano, 113 pessoas tinham morrido por razões relacionadas às altas temperaturas no condado de Maricopa, onde fica Phoenix, mais que o dobro das 55 registradas no mesmo período de 2020.




Foi sob quase 36°C no início de outubro, quando já é outono no hemisfério norte, que encontramos Rick Caywood, em Casa Grande, área rural do Arizona. A 75 quilômetros de Phoenix, a região é líder na produção de algodão, cevada e gado no estado, mas a fazenda da família Caywood só conseguiu produzir alfafa neste ano.


De suspensório, boné e cheiro de pastilha de menta, sempre à mão para aliviar a tosse persistente, Rick nos levou às terras tocadas pelo filho, Travis, e pela ex-mulher, Nancy.


Ele explica que a alfafa é mais resistente ao calor do que o algodão, por exemplo, e tem preço estável —o que faz da leguminosa a aposta mais segura em tempos difíceis.


"A seca é um problema de décadas no Arizona, mas tem piorado. As pessoas aqui usam poços, e eles estão baixando, assim como os lençóis freáticos", diz Rick.


A principal fonte de água do oeste americano é o rio Colorado, que abastece Arizona, Nevada, Califórnia, Novo México, Utah, Wyoming e Colorado. As rigorosas secas nos últimos anos, porém, baixaram o nível do rio a cifras nunca vistas antes e levaram à escassez o lago Mead, maior reservatório de água dos EUA, na divisa entre Arizona e Nevada.


Diante da situação emergencial, o governo americano declarou em agosto deste ano a falta de água no rio Colorado —um anúncio sem precedentes— e previu redução no abastecimento de diversos estados a partir do início de 2022.


Os cortes, que podem ser ampliados, somaram-se a um plano de contingenciamento que já havia sido colocado em prática desde 2019 pelos sete estados que dividem o rio.




Em um primeiro momento, a ordem era que cidades e tribos indígenas fossem poupadas, fazendo com que o racionamento atingisse em cheio as áreas rurais.


"As cidades estão nos matando, porque agora são prioridade para o abastecimento", afirma Rick. "Minha pergunta é o que vão fazer quando as fazendas secarem. [...] Essas pessoas precisam comer e se vestir, e, para isso, a gente precisa plantar."


Nancy, a ex-mulher de Rick, caminhava agitada para mostrar o barulho crocante que fazia ao pisar sobre as folhas secas de sua propriedade. De longe, explica ela, o campo até parece verde, mas um olhar mais próximo mostra a real situação. "Entre as plantas que sobraram, só tem folhagem seca. Minha colheita vai cair muito, perdemos metade da plantação", diz a fazendeira. "No ano passado, tínhamos um pouco de água nesta época [setembro e outubro], agora não temos. Acredito que o ano que vem será ainda pior."


O deserto dos EUA é historicamente seco, mas os efeitos da crise climática têm piorado o cenário: 2020 foi o ano mais árido em Nevada e o segundo mais seco no Arizona desde 1894, e a agência federal que controla os canais de irrigação em Casa Grande avisou aos fazendeiros em abril que não haveria água suficiente para as plantações neste ano.


Há quatro décadas nos EUA, o mexicano Julio Vazquez, 71, sempre trabalhou no cultivo de algodão no Arizona. Sua vida, diz ele, era melhor anos atrás, mesmo quando ainda não tinha os documentos que o autorizam a viver e a trabalhar nos EUA. "Tinha mais plantação, ou seja, mais trabalho. Agora, a quantidade de água caiu, e as pessoas estão indo embora."


A terra em que Julio vive e trabalha pertence ao americano Jack Henness, que estacionou sua picape ao lado da reportagem para saber o que falávamos com o funcionário. Suspirou desanimado quando explicamos o tema da conversa.


"O governo poderia ajudar os fazendeiros nessas fases mais críticas, com subsídio ou algo do tipo. Mas é difícil, porque há outros problemas. Aqui estamos na seca, mas, do outro lado do país, tem enchentes, furacões e, mais para frente, os incêndios [florestais da Califórnia]."


Aos 63 anos, Jack comemora, ainda que de forma melancólica, ter vendido grande parte das terras que sua família tinha no Arizona. Lamenta, por outro lado, que fazendeiros mais jovens, na visão dele, sejam os mais prejudicados, ao abandonarem os negócios antes do que gostariam. "A crise do clima está mudando dramaticamente a vida das pessoas."


Assim, visitar a principal fonte de água do oeste americano virou uma obrigação. Em 4 de outubro, chegamos ao lago Mead, reservatório criado na década de 1930 e que, neste ano, chegou ao menor nível de sua história.




Sua represa, a famosa Hoover, foi cenário de filmes como "Super-Homem" (1978) e "Na Natureza Selvagem" (2005), entre outros, e hoje segue como atração turística.


Ver aquela estrutura gigantesca, encravada no deserto, é chocante. Uma mancha mais clara divide as montanhas em torno do lago como um lembrete de que o nível da água já foi muito mais alto —o pico é de 1983, com a marcação a cerca de 370 metros acima do nível do mar. Em agosto de 2021, o patamar era de 35% da capacidade total do reservatório.


Apesar disso, as áreas recreativas que cercam a represa ainda funcionam como balneário para pessoas que, ao contrário dos fazendeiros do Arizona, dizem pouco sentir a crise do clima, já que vivem nas cidades por ora poupadas de racionamentos.


Jessica Owens, 41, foi uma das que arriscaram um mergulho apesar das placas que alertam para a ausência de salva-vidas. Para ela, o nível do lago Mead não é mais o mesmo e o caos climático é real, mas, como nunca viveu cortes de água, a crise é pouco visível no seu dia a dia.


Jessica vive em Las Vegas, que tira do lago Mead 90% da água consumida pelos seus 650 mil habitantes e mais de 40 milhões de turistas anuais que viajam à cidade em busca de resorts e cassinos, situados entre réplicas da Torre Eiffel e da Estátua da Liberdade.


A cultura do consumo e do desperdício —motor do estilo de vida de muitos americanos— é refletida em cenas que se repetem a cada passo na Strip, a avenida mais turística da cidade.




Las Vegas é a cidade que aquece mais rapidamente nos EUA, com temperaturas no verão superiores a 45°C. E, assim como Phoenix, cresce em ritmo acelerado e tenta encontrar formas de não entrar em colapso diante da combinação de crise do clima e altas demandas.


Caso não haja ação global para diminuir as emissões de gases do efeito estufa, Las Vegas deve experimentar mais de três meses por ano com temperaturas acima de 37°C, incluindo 60 dias acima de 40°C. Autoridades dizem que medidas estão em marcha para mitigar a crise, principalmente em termos de conservação da água e consumo de energia renovável.


Um dos exemplos é que quase 100% da água utilizada na parte de dentro de casas e estabelecimentos comerciais de Las Vegas é reciclada e volta para o rio Colorado, ficando novamente disponível para o uso da cidade.


"Você pode ir para a Strip, ligar todas as torneiras, acionar todas as descargas e ainda assim não vai afetar a parte da água que tiramos do rio Colorado", afirma Corey Enus, coordenador de informação pública da agência de água de Las Vegas. "Temos uma infraestrutura nova e das mais eficientes dos EUA. Perdemos de 8% a 12% de água no processo de tratamento, oito vezes menos que a média no país." O problema, pondera Corey, é que a água reutilizada representa apenas 40% do consumo da cidade. Os outros 60% são usados do lado de fora de casas, hotéis e comércio, sem chance de reaproveitamento.


A inglória missão de tentar controlar o uso de água em áreas externas no meio do deserto é de 47 funcionários do Las Vegas Valley Water District. Um deles é Perry Keye, 61, que há 16 anos se apresenta como investigador de desperdício de água na cidade.




Perry Kaye, investigador de desperdício da agência de água do distrito de Las Vegas, percorre área jardinada de condomínio no subúrbio da cidade - Lalo de Almeida/Folhapress


Das 3h30 às 14h, ele percorre ruas para encontrar, advertir e multar quem está gastando água de maneira inapropriada. Naquele 6 de outubro, ao realizar uma de suas rondas, Perry nos mostrou a violação mais recorrente: uma casa mantinha dois regadores automáticos jorrando água sobre o jardim, em dia ou horário não permitidos pela lei.


Com o celular, ele filma a cena, enquanto fala o que vê para que não haja contestação. E deixa um aviso na porta da garagem. "Eles tomaram apenas uma advertência porque não tinham recebido algo do tipo antes. Espero que ajam rapidamente." Caso contrário, a multa varia de US$ 80 a US$ 1.280 (R$ 440 a R$ 7.040), a depender da reincidência.


Em Las Vegas, é considerado desperdício quando a água fornecida pelo distrito está sendo utilizada fora da propriedade, em dias ou horários proibidos. No verão, não se pode regar gramados e plantas das 11h às 19h, quando está muito quente e parte do líquido evapora rapidamente. Nas demais épocas do ano, a cidade é dividida em zonas, com dias e horários específicos para irrigação.


"Podemos cortar o consumo de água em 50% se todos cumprirem a regra", diz o agente, acrescentando que o pico de violações acontece na madrugada, entre 3h30 e 5h. "As pessoas não esperam que a gente apareça a qualquer momento, porque somos servidores públicos. O que muita gente faz é tentar esconder os desperdícios durante a noite. Eles acham que estão sendo sorrateiros, mas estamos lá com as nossas lanternas."


Perry conta que investiga de 20 a 30 casos por dia e aposta no caráter educacional de seu trabalho. Segundo ele, as punições têm caído —o pico diário foi de 63 violações. "Muito raramente ganho um dedo do meio. Vem de pessoas que não seguem nenhuma regra, que dizem que não posso falar o que elas devem fazer."


Las Vegas intensificou sua guerra contra a grama desde 2002, quando lançou um programa para estimular moradores a tirarem a cobertura verde de seus jardins em troca de dinheiro. A medida deu certo por um período, mas, com a queda da demanda, novas ações públicas se fizeram necessárias diante da seca cada vez mais intensa.


Em junho, uma lei foi aprovada para que toda a grama decorativa (de canteiros, entradas de condomínios e de áreas comerciais) seja retirada até o fim de 2026 —ou seja, 31% da grama da cidade, o que pode gerar uma economia anual de bilhões de litros de água.


Pode ser tarde demais. A crise do clima segue gerando ineditismos, e cortes obrigatórios no abastecimento de água já são previstos no oeste americano em um futuro próximo. No cenário mais grave, os efeitos devem ir para além das áreas rurais e pressionar grandes cidades, testando um sistema do qual dependem 40 milhões de pessoas —muitas delas céticas de que uma ameaça existencial já chegou ao jardim de casa






Monday, December 9, 2013

End of an Era in Coal Country, Utah








A Part of Utah Built on Coal Wonders What Comes Next


By NYtimes

End of an Era in Coal Country, Utah: The Carbon Power Plant, the state’s oldest coal-fired power plant, is set to close by April 2015, a result of new stricter federal pollution regulations.
  • FACEBOOK
  • TWITTER
  • GOOGLE+
  • SAVE
  • EMAIL
  • SHARE
  • PRINT
  • REPRINTS
PRICE, Utah — For generations, coal has been the lifeblood of this mineral-rich stretch of eastern Utah. Mining families proudly recall all the years they toiled underground. Supply companies line the town streets. Above the road that winds toward the mines, a soot-smudged miner peers out from a billboard with the slogan “Coal = Jobs.”

But recently, fear has settled in. The state’s oldest coal-fired power plant, tucked among the canyons near town, is set to close, a result of new, stricter federal pollution regulations.
As energy companies tack away from coal, toward cleaner, cheaper natural gas, people here have grown increasingly afraid that their community may soon slip away. Dozens of workers at the facility here, the Carbon Power Plant, have learned that they must retire early or seek other jobs. Local trucking and equipment outfits are preparing to take business elsewhere.
“There are a lot of people worried,” said Kyle Davis, who has been employed at the plant since he was 18.
Mr. Davis, 56, worked his way up from sweeping floors to managing operations at the plant, whose furnaces have been burning since 1954.
“I would have liked to be here for another five years,” he said. “I’m too young to retire.”
But Rocky Mountain Power, the utility that operates the plant, has determined that it would be too expensive to retrofit the aging plant to meet new federal standards on mercury emissions. The plant is scheduled to be shut by April 2015.
“We had been working for the better part of three years, testing compliance strategies,” said David Eskelsen, a spokesman for the utility. “None of the ones we investigated really would produce the results that would meet the requirements.”
For the last several years, coal plants have been shutting down across the country, driven by tougher environmental regulations, flattening electricity demand and a move by utilities toward natural gas.
This month, the board of directors of the Tennessee Valley Authority, the country’s largest public power utility, voted to shut eight coal-powered plants in Alabama and Kentucky and partly replace them with gas-fired power. Since 2010, more than 150 coal plants have been closed or scheduled for retirement.
The Environmental Protection Agency estimates that the stricter emissions regulations for the plants will result in billions of dollars in related health savings, and will have a sweeping impact on air quality.
In recent weeks, the agency held 11 “listening sessions” around the country in advance of proposing additional rules for carbon dioxide emissions.
“Coal plants are the single largest source of dangerous carbon pollution in the United States, and we have ready alternatives like wind and solar to replace them,” said Bruce Nilles, director of the Sierra Club’s Beyond Coal campaign, which wants to shut all of the nation’s coal plants.
“We have a choice,” he said, “which in most cases is cheaper and doesn’t have any of the pollution.”
Coal’s downward turn has hit Appalachia hardest, but the effects of the transition toward other energy sources has started to ripple westward.
Mr. Eskelsen said Rocky Mountain Power would place some of the 70 Carbon facility employees at its two other Utah coal plants. Other workers will take early retirement or look for different jobs.
Still, the notion that this pocket of Utah, where Greek, Italian and Mexican immigrants came to mine coal more than a century ago, could survive without it, is hard for people here to comprehend.
“The attack on coal is so broad-reaching in our little community,” said Casey Hopes, a Carbon County commissioner, whose grandfather was a coal miner. “The power plants, the mines — they support so many smaller businesses. We don’t have another industry.”
Like others in Price, Mr. Hopes voiced frustration with the Obama administration, saying it should be investing more in clean coal technology rather than discarding coal altogether.
Annual Utah coal production, though, has been slowly declining for a decade according to the federal Energy Information Administration.
Last year, mines here produced about 17 million tons of coal, the lowest level since 1987, though production has crept up this year.
“This is the worst we’ve seen it,” said David Palacios, who works for a trucking company that hauls coal to the power plants, and whose business will slow once the Carbon plant closes.
Mr. Palacios, president of the Southeastern Utah Energy Producers Association, noted that the demand for coal has always ebbed and flowed here.
“But this has been two to three years we’re struggling through,” he said.
Compounding the problem, according to some mining experts, is that until now, most of the state’s coal has been sold and used within the region, rather than being exported overseas. That has left the industry here more vulnerable to local plant closings.
Cindy Crane, chairwoman of the Utah Mining Association, said demand for Utah coal could eventually drop as much as 50 percent. “For most players in Utah coal, this a tough time,” said Ms. Crane, vice president of PacifiCorp, a Western utility and mining company that owns the Carbon plant.
Mr. Nilles of the Sierra Club acknowledged that the shift from coal would not be easy on communities like Carbon County. But employees could be retrained or compensated for lost jobs, he said, and new industries could be drawn to the region.
Washington State, for example, has worked with municipalities and utilities to ease the transition from coal plants while ensuring that workers are transferred to other energy jobs or paid, if nearing retirement, Mr. Nilles said.
“Coal has been good to Utah,” Mr. Nilles said, “but markets for coal are drying up. You need to get ahead of this and make sure the jobs don’t all leave.”
For many here, coal jobs are all they know. The industry united the area during hard times, too, especially during the dark days after nine men died in a 2007 mining accident some 35 miles down the highway. Virtually everyone around Price knew the men, six of whom remain entombed in the mountainside.
But there is quiet acknowledgment that Carbon County will have to change — if not now, soon.
David Palacios’s father, Pete, who worked in the mines for 43 years, has seen coal roar and fade here. Now 86, his eyes grew cloudy as he recalled his first mining job. He was 12, and earned $1 a day.
“I’m retired, so I’ll be fine. But these young guys?” Pete Palacios said, his voice trailing off.
Clifford Krauss contributed reporting from Houston.

Summer 2025 was hottest on record in UK, says Met Office. Unprecedented average temperature made about 70 times more likely by human-induced climate change, says agency

The water levels at Broomhead reservoir in South Yorkshire have been low this summer. Photograph: Richard McCarthy/PA by   Damien Gayle The...