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Tuesday, June 17, 2025

Soaring Temperatures Threaten Crops, So Scientists Are Looking to Alter the Plants. Genetically altering crops may be key to helping them adapt to extreme temperatures. But shrinking funds and social acceptance stand in the way.

Photosynthesis, the process through which plants get energy, stops working at higher temperatures, which are becoming more common in many of the world’s agricultural regions.Credit...Thomas Lohnes/Getty Images
 
 

The world’s bread baskets are heating up, threatening the global food supply. Climate change has already shrunk yields for major crops like wheat and maize, and crop losses are likely to worsen in the coming decades.

But researchers are trying to avoid that future by helping plants deal with heat.

“There’s a lot of excitement in identifying why it is that some crops that are grown in the most extreme conditions are able to survive,” said Carl Bernacchi, a crop researcher at the University of Illinois Urbana-Champaign and the author of one of a trio of papers on crop modification that were published Thursday in the journal Science.

Farmers can help crops beat the heat with water-based cooling, but that method has limitations. Modifying crops, either through traditional crossbreeding, artificially sped-up mutation or direct genetic editing, offers control over how plants respond to heat.

Photosynthesis, the process through which plants get energy, grinds to a halt between 40 and 45 degrees Celsius, or 104 to 113 degrees Fahrenheit, temperatures that are becoming more common in many of the world’s agricultural regions.

 

“Photosynthesis really dictates the currency plants have to use,” Dr. Bernacchi said. “If photosynthesis falters, plants run out of energy and die.”

Dr. Bernacchi and his co-authors reviewed the potential of editing rubisco, the key enzyme that transforms carbon into sugar, and its partner, rubisco activase. In plants that grow in warm climates, rubisco activase seems to work better at helping rubisco function. Transferring that molecule from hot-climate plants to cool-climate plants can help cool-climate plants adapt to heat. Simply boosting its activity could help, too.

Altering photosynthesis is still a distant goal, said Walid Sadok, a crop physiologist at the University of Minnesota who was not involved with the paper.

“It’s a complex endeavor,” he said. “It’s still in its infancy, but it’s an interesting idea.”

A plant’s genome can also be altered to change its leaf architecture, spacing leaves out and setting them at just the right angle to ensure a balance of sun and shade that can help maintain temperature and productivity. Editing a leaf’s reflectivity and the amount of chlorophyll, or green pigment, that it contains can help, too.

Plants’ temperature-sensing system could also be modified. In a second Science paper, researchers propose a new way of understanding the network of proteins that control plants’ responses to heat. Instead of plants having discrete “thermometers,” temperature sensing could be spread out in many plant systems and proteins, the researchers say. That could provide many targets for editing for heat tolerance.

 

“We could develop designer crops tailored to future climates,” said Suresh Balasubramanian, a plant geneticist at Monash University in Australia who led the study.

Selective crossbreeding of plants is still a reliable option and should be continued while researchers work toward more complicated genetic editing goals, Dr. Sadok said.

But as temperatures climb beyond levels that modern crops can withstand, genetic editing may be more crucial, Dr. Bernacchi said.

“We may get to a point where existing crops don’t have the genetic diversity we need to adapt crops to the growth conditions that we’re going to see in the near future,” he said. “In that situation, we might need to be creative.”

Wild plants hold a vast pool of genetic diversity that could inspire new ways to keep crops cool. Plants can thrive in the hottest and driest places on Earth, such as Death Valley in California, the Atacama Desert in South America and the Namib Desert in southern Africa, where temperatures regularly soar above the threshold for photosynthesis.

 

Exploring these plants’ genomes could give scientists genes to transfer into staple crops such as soybeans, wheat and rice, bringing along heat tolerance. Scientists can also work backward, starting with a highly heat-tolerant plant and using genetic editing to add other desirable traits, like taste and size.

“We’re trying to cast our net more broadly,” said Sam Yeaman, an evolutionary biologist at the University of Calgary who wrote a third paper. “If we limit ourselves to only looking at crops, we’re going to have a tiny slice of the picture.”

Some complex genetic editing projects, such as photosynthesis or the temperature-sensing system, are years away from hitting farmers’ fields. Other genetic editing tools for heat tolerance, like changes to leaf architecture, could be available sooner, if they could get field tested and permitted, an expensive and time-consuming process.

“Funding right now in the United States doesn’t look particularly promising for the future of this research,” Dr. Bernacchi said.

And acceptance of genetically modified foods has been shrinking over the past decade or so, said Dominique Brossard, who studies the communication of controversial topics at the University of Wisconsin. The Trump administration’s movement toward “natural” foods could further stymie willingness to adopt genetically modified foods, she said.

 

 

Wednesday, September 11, 2024

Brazil faz reunião do G20 sobre agro 'sustentável' em cidade coberta por fumaça

 

Queimadas avançam pelo Parque Nacional da Chapada dos Guimarães, em Mato Grosso. Região é próxima de resort onde ministros da agricultura do G20 estão reunidos

 

 Leandro Prazeres - Role, Da BBC News Brasil em Brasília 

  Uma reunião promovida pelo G20 em Mato Grosso que tinha como um dos seus objetivos servir como vitrine do agronegócio sustentável do Brasil está tendo como pano de fundo uma tragédia climática de dimensões históricas.

O Brasil realiza, desde ontem (10/9), um encontro de ministros da agricultura de países do G20, grupo das 19 maiores economias do mundo mais a União Europeia e a União Africana. O encontro foi levado para o um resort às margens do Lago de Manso, no município de Chapada dos Guimarães, um conhecido destino turístico de Mato Grosso.

O Estado é dono da maior produção de grãos e do maior rebanho bovino do país. O ministro da agricultura, Carlos Fávaro, deixou claro o que esperava da reunião.

"Vamos mostrar nosso potencial em produzir alimentos de forma sustentável”, disse na segunda-feira (9/9).

 Mas a área onde a reunião acontece é uma das muitas do país que está encoberta por fumaça devido às queimadas recordes que atingem o país neste ano.

 

Segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Mato Grosso é o campeão no ranking de focos de incêndio neste ano e imagens de satélite vêm mostrando nos últimos dias que enormes partes do Estado, inclusive a região de Chapada dos Guimarães, estão sofrendo com os efeitos das queimadas.

Segundo oficiais do governo, parte considerável desses incêndios está relacionada com o aumento da área de pastagens ou abertura de novas fronteiras agrícolas em biomas como o Pantanal, Cerrado e Amazônia.

De acordo com especialistas ouvidos pela BBC News Brasil, a ocorrência de tantas queimadas na região escolhida para ser a vitrine do agronegócio brasileiro compromete a imagem do Brasil no exterior e serve de alerta. Moradores da cidade onde o evento está sendo realizado dizem esperar medidas para evitar a repetição do cenário atual.

 

Bombeiros de Mato Grosso atuando em queimadas. Estado é o campeão de queimadas em todo o Brasil. Inpe indica aumento de 215% no número de queimadas neste ano em relação ao ano passado

 

"Vimos à fumaça cobrir a cidade inteira"

De acordo com o governo brasileiro, os principais tópicos da reunião de ministros da agricultura do G20 em Mato Grosso serão: sustentabilidade nos sistemas agroalimentares; ampliação do comércio internacional para a segurança alimentar e nutricional; reconhecimento da agricultura familiar e o papel de camponeses e povos originários para sistemas alimentares; e promoção da integração da pesca e aquicultura nas cadeias globais.

Mato Grosso foi cuidadosamente escolhido pelo governo brasileiro para sediar a reunião de ministros da agricultura do G20, segundo Carlos Fávaro.

Fávaro, que é senador eleito pelo Estado, disse que Mato Grosso seria uma espécie de "símbolo" do modelo de agricultura do país.

"Estamos no Estado com a maior produção agropecuária do Brasil, o maior rebanho bovino do Brasil [...] mas que é o símbolo da preservação ambiental", disse Fávaro durante a abertura da reunião na terça-feira (10/9).

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Estado tem o maior rebanho bovino do país, com 34 milhões de cabeças de gado. Além disso, é o maior produtor de soja, milho e algodão.

Especialistas em agronegócio colocam o Estado como o "celeiro" do Brasil.

Por outro lado, o Estado aparece como o segundo maior desmatador da Amazônia (atrás apenas do Pará) no período entre 2022 e 2023.

De acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), neste intervalo, o Estado perdeu 2 mil quilômetros quadrados de florestas, uma área maior do que a da cidade de São Paulo.

A situação em 2024 aponta a permanência de um cenário ambiental e climático dramático.

O Estado é o campeão nacional em número de focos de incêndio com 36,4 mil registros entre o início do ano e segunda-feira (9/9), de acordo com o Inpe.

É o maior número para o mesmo período desde 2007. Em relação ao ano passado, o crescimento foi de 215%, praticamente o dobro do crescimento médio registrado no país, que foi de 107%.

O município de Chapada dos Guimarães, onde a reunião do grupo de trabalho está sendo realizada, vem sendo pesadamente atingido pelas queimadas.

Nos últimos dias, brigadistas e bombeiros se mobilizam para controlar duas frentes de incêndio no Parque Nacional da Chapada dos Guimarães, um dos maiores do Brasil.

Na semana passada, as duas frentes estavam prestes a se juntar, desafiando o trabalho das equipes lideradas pelo Instituto Chico Mendes de Meio de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).

Em nota enviada à BBC News Brasil pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA), o órgão disse que o ICMBio vem combatendo os incêndios no parque com 54 pessoas, entre brigadistas, funcionários do parque, voluntários e um avião.

O parque fica a cerca de 40 km da sede do município de Chapada dos Guimarães.

Mesmo defendendo a escolha do local para a reunião, Fávaro reconheceu que as delegações internacionais teriam sido impactadas pelas queimadas em seus trajetos entre Cuiabá e o resort onde o encontro está sendo realizado.

"Apesar das dificuldades momentâneas que o Brasil vive, com as queimadas, com a mudança do clima, vocês puderam perceber isso no transcorrer, na estrada. Mas é uma região em que o turismo é muito importante", disse. Algumas das queimadas que atingem o Estado vêm afetando o tráfego em rodovias como a que conecta Cuiabá ao local da reunião.

 

"Beleza virou carvão"

Moradores de Chapada dos Guimarães ouvidos pela BBC News Brasil afirmam que não foram apenas os membros das delegações internacionais que foram afetados pelas queimadas.

"Aqui nós vimos a fumaça cobrir a cidade inteira. Isso afeta a vida dos moradores e também a economia local, já que alguns atrativos turísticos foram fechados devido aos incêndios", disse a bióloga Juliana Bonanomi, que vive na cidade.

A antropóloga Suzana Hiroka disse ter visto impactos em diferentes áreas da cidade por conta das queimadas.

"Na saúde, as queimadas acentuaram as doenças respiratórias. Quem tem asma ou bronquite está muito mal. As pessoas têm muita dor de cabeça, rouquidão ou nariz escorrendo. As mulheres e crianças são muito afetadas", disse.

Hiroka destacou ainda os efeitos das queimadas na economia da cidade.

"Chapada vive do turismo. As queimadas fizeram o parque fechar vários pontos. A cidade vivia da sua beleza cênica, mas agora, essa beleza virou carvão", disse.

Cachoeira do Véu de Noiva, no Parque Nacional da Chapada dos Guimarães fora da época de seca e queimadas. Queda d'água é um dos principais atrativos do parque

 

Contradição e oportunidade

O climatologista Carlos Nobre foi um dos autores do Quarto Relatório do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas da ONU), que recebeu o Nobel da Paz em 2007, disse à BBC News Brasil que a realização da reunião dos ministros da agricultura do G20 é um momento de definição.

"Precisamos saber se o agronegócio vai continuar dizendo que não tem responsabilidade nenhuma no que está acontecendo no Brasil e no mundo ou se vamos ver alguma mudança nas políticas e uma indução de novas práticas que visem uma agricultura de baixo carbono", disse à BBC News Brasil.

Segundo ele, historicamente, o agronegócio no Brasil tenta se eximir das responsabilidades pelas mudanças climáticas apesar de ser, na avaliação de Nobre, um dos principais responsáveis pelas emissões de gases do efeito estufa do Brasil.

Nobre afirmou que, em sua opinião, a realização desta reunião no atual contexto de queimadas fora de controle mancha a imagem do país.

"A imagem do país já está manchada porque todos os dados do Inpe apontam que essas queimadas foram causadas pela ação humana. Não estamos falando de descargas elétricas. Estamos falando de atividades criminosas", disse o climatologista.

A diretora-executiva do Instituto Centro de Vida (ICV), Alice Thuault, disse à BBC News Brasil esperar que as condições nas quais a reunião acontece possa sensibilizar os participantes. O ICV é uma organização não-governamental que atua na defesa do meio ambiente em Mato Grosso há 33 anos.

"É uma tragédia o que está acontecendo aqui, mas acho que é importante que essa reunião seja realizada nesse contexto, nessa espécie de 'pé do vulcão'. É importante que os participantes vejam claramente os impactos das mudanças climáticas em um local que é sempre apontado como um exemplo do agronegócio", disse à BBC News Brasil.

Para a moradora de Chapada dos Guimarães Suzana Hiroka, o suposto foco em sustentabilidade da reunião de ministros da agricultura é uma contradição.

"É uma contradição porque Chapada dos Guimarães é um município de monocultura. Temos aqui grandes plantações de soja, algodão e o pequeno agricultor que faz a agricultura mais sustentável praticamente não aparece", disse.

Alice Thault resume suas expectativas em relação à reunião em meio à fumaça.

"Estou torcendo para que as questões sobre o clima estejam, de fato, na pauta do encontro e que essa experiencia, por assim dizer, imersiva, valha alguma coisa", disse.

A BBC News Brasil enviou questionamentos aos ministérios das Relações Exteriores (MRE), da Agricultura (Mapa) e do Meio Ambiente (MMA). Também foram enviadas questões à Secretaria de Meio Ambiente do Estado de Mato Grosso (Sema-MT).

Apenas o MMA respondeu informando sobre as condições do combate ao incêndio no Parque Nacional da Chapada dos Guimarães. Nenhum dos outros órgãos enviou respostas.

 

O que é o G20

O G20 é um fórum internacional que reúne as principais economias do mundo, incluindo 19 países, a União Europeia e a União Africana. Oficialmente, o objetivo do grupo é promover a cooperação econômica global, comércio internacional e estabilidade financeira.

O grupo foi criado em 1999 e, mais recentemente, passou a abordar, também, temas relacionados às mudanças climáticas e segurança alimentar, duas das principais plataformas do discurso do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Em 2023, o Brasil assumiu a presidência do G20 pela primeira vez e vem realizando uma série de reuniões preparatórias para a grande cúpula de chefes-de-Estado do grupo que será realizada entre os dias 18 e 19 de novembro, no Rio de Janeiro.

O Grupo de Trabalho do G20 sobre Agricultura é uma subdivisão do G20 e a reunião realizada em Chapada dos Guimarães é uma das que antecedem a cúpula principal de novembro.


 

Saturday, September 7, 2024

Seca histórica no Brazil afeta setores da economia e bolso do consumidor, dizem especialistas

 

Seca em Pauini, cidade do Amazonas, em setembro de 2024.



 


Casas flutuantes ficaram encalhadas no leito do Igarapé do Xidamirim, cujo nível da água baixou drasticamente devido à seca em Tefé, no Amazonas. Foto de 20 de agosto de 2024 — Foto: Bruno Kelly/Reuters

 

Cenário de falta de chuvas incide desde a produção de alimentos até o encarecimento da conta de energia

Marien Ramosda CNN

O atual período de seca é o mais intenso da história do Brasil, segundo o Centro Nacional de Monitoramento de Desastres Naturais (Cemaden), e os impactos vão além da questão climática ou efeitos na saúde da população.

O cenário inédito visto em diversas regiões do país nas últimas semanas também deve refletir de forma mais imediata no bolso dos consumidores, afirmam economistas ouvidos pela CNN. Entre os principais pontos, se destacam o encarecimento dos alimentos e o aumento da conta de energia.

Há também efeitos que devem ser sentidos em horizontes mais longos, como maior pressão na inflação, e consequentemente maior aperto dos juros, em consequência de da falta de oferta e interrupção de operações.

Pressão nos alimentos

A queda na produção de alimentos é um dos sintomas mais visíveis da atual situação de seca. Com menor disponibilidade, a tendência é de encarecimento dos produtos.

“O Brasil é um país agrícola, boa parte da oferta dos alimentos de cesta básica depende de condições climáticas regulares, exatamente para não haver redução de oferta e com isso um aumento de preços”, diz André Braz, economista da Fundação Getulio Vargas (FGV).

 


Segundo Braz, a situação tem maior impacto nas famílias de menor renda, já que grande parte do orçamento deste grupo vai para a compra de alimentos.

Com as mudanças climáticas cada vez mais frequentes, a laranja, por exemplo, é um dos alimentos que pode ter os maiores problemas devido à massa de ar quente em grande parte do Brasil, além da banana, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

Segundo a companhia, a produção já sofreu elevação de preços devido à baixa quantidade produzida e deve ter este aumento acentuado por conta da irregularidade de chuvas.

 

Pressão na energia

A falta de chuvas também aumenta o preço da conta de luz, já que mais da metade da produção de energia do país vem da matriz hidrelétrica. Para evitar o desabastecimento de energia no país, o governo é obrigado a acionar usinas termelétricas, com maior gasto de operação.

A seca fez o rio Madeira, em Rondônia, ficar abaixo de um metro pela primeira vez desde o início das medições do Serviço Geológico do Brasil (SGB), em 1967. Como consequência, a usina hidrelétrica Santo Antônio paralisou parte de suas unidades geradoras.

A projeção da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) é de que, inclusive, o país registre 50% menos chuvas nos próximos meses, afetando os níveis dos reservatórios e o funcionamento das hidrelétricas, de acordo com a agência.

Atualmente, os níveis de reservatório — ou seja, a energia armazenada no sistema — são de 54,27% até a sexta-feira (6) no subsistema do Sudeste/Centro Oeste, enquanto na região Sul está em 61,42%.

Quando comparado com o mesmo mês de setembro do ano passado, porém, os níveis ainda se encontram abaixo do patamar.

 


Com essa situação, muitos temem que mais uma crise hídrica como a vista em 2021, quando os mesmos subsistemas do Sudeste/Centro Oeste e Sul chegaram a níveis de reservatório de 16,8% e 28,6%, respectivamente.

Foi nesta época que Aneel acionou pela aúltimas vez a bandeira vermelha, que significa a cobrança extra pelo consumo de energia — pelo menos até setembro deste ano.

Após determinação da Aneel, a bandeira vermelha voltou, em patamar 1, com custo adicional de R$ 4,463 por cada 100 quilowatts-hora (kWh) consumidos.

A justificativa foi pela previsão de chuvas abaixo da média, resultando em menor afluência nos reservatórios do país. Segundo o governo, a redução será cerca de 50% abaixo da média.

“Com a baixa dos reservatórios das hidrelétricas, o país tende a adotar bandeiras de energia que encarecem as tarifas de energia. Além disso, o acionamento de termelétricas aumentam a demanda por combustíveis, que no fim ficam mais caros para o consumidor”, explica Alexandre Pires, professor de economia do Ibmec-SP.

Em finais de agosto, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, afirmou à CNN que espera o acionamento de “70% a 80%” de todo o parque térmico brasileiro nas próximas semanas, caso as chuvas não recomecem antes do esperado.

Esse cenário pode, inclusive, repercutir nos meses seguintes. Em condições normais, é neste semestre, período em que normalmente chove mais, onde o sistema consegue encher os reservatórios para “garantir uma oferta de energia sem sobressaltos no inverno seguinte (…) e pode ser que isso não aconteça”, diz Braz.

Pressão nos setores da economia

O cenário pode pesar também para a atividade industrial e empresarial, tanto no comércio como no serviço, descreve Braz. O especialista diz que com bandeiras tarifárias acionadas, a prestação de serviços, assim como produtos no comércio, ficam mais caros — e essa conta são as famílias que pagam.

Além disso, Pires salienta que o acionamento das termelétricas pressiona os derivados do petróleo, gás natural e álcool, impactando “o preço dos combustíveis para o transporte rodoviário e, logo, o frete — que é uma variável essencial da cadeia logística”.

Segundo Braz, a situação pode ainda influenciar as decisões do Comitê de Política Monetária (Copom), que decide entre os dias 17 e 18 deste mês o novo rumo da política monetária no Brasil.

O mercado projeto que o Banco Central decida por aumentar os juros, que se encontram em 10,5% atualmente, mas o especialista acredita que isso não será precipitado na próxima reunião.

“Esta seca tem se intensificado e generalizado muito ao longo do último ano, ainda que as áreas mais atingidas tenham se deslocado do Sudeste para o Norte, na comparação com 2021. Mas uma seca quase generalizada e prolongada é o aspecto mais preocupante da situação de 2024”, finaliza Pires.



 

Monday, October 2, 2023

Brazil - El Niño e mudanças climáticas afetam safras e dificultam previsão para agricultura em 2024



El Niño provoca muita chuva no Sul e deixa tempo seco no Norte e Nordeste

James Baltz/ Unsplash

Amanda Sampaioda CNN em São Paulo


Primavera será marcada por muita chuva na região Sul e pancadas irregulares no Sudeste e Centro-Oeste.

Os últimos meses — atípicos em relação às condições meteorológicas — devem afetar as safras de diversos cultivos, além de dificultar as projeções para a agricultura em 2024.

A meteorologista Desireé Brandt, da Nottus, explica que, além das anormalidades no curto prazo, as mudanças climáticas em nível global também têm afetado o regime de chuvas no Brasil, o que prejudica os trabalhos agrícolas.

“Nós temos um El Niño, e por conta das mudanças climáticas, os efeitos dele podem ser ainda mais fortes, ainda mais evidentes”, afirma.


Impacto negativo na agricultura

Esta semana, está previsto o término do vazio sanitário no Rio Grande do Sul — período em que é proibido cultivar plantas vivas.

Quando o período se encerra, os agricultores costumam dar início ao plantio de grãos.

“Mas quem é que vai plantar soja agora, no meio do caos que o Rio Grande do Sul está? Existem muitas áreas de cultura de inverno que foram afetadas pelas chuvas das últimas semanas, principalmente. Tem muita lavoura debaixo d’água”, destaca Desireé.

A meteorologista explica que o processo de recuperação das lavouras de inverno acaba prejudicando o início do plantio da soja.

“Algumas áreas do noroeste do Rio Grande do Sul até vão conseguir começar esse plantio, mas as que foram mais prejudicadas pelo excesso de chuva ainda terão uma certa dificuldade”, avalia.


Primavera terá muita chuva no Sul

Ao longo da primavera, a expectativa é de muita chuva no Rio Grande do Sul, o que é comum para esta época do ano.

No entanto, os efeitos do El Niño devem piorar este cenário e provocar chuva acima da média para o período no estado.

“Sim, já choveu muito; sim, o Rio Grande do Sul está debaixo d’água, e sim, ainda tem muita água para cair, e muitas vezes na forma de tempestades, com ventania, com descargas elétricas e com alto risco para queda de granizo”, alerta a meteorologista.

Desireé explica que, neste momento, o grande desafio do estado gaúcho é enfrentar o excesso de chuva, o que atrapalha o manejo e o preparo do solo, além dos trabalhos em campo de forma geral.

“Além disso, mesmo que a lavoura não esteja debaixo d’água, se temos poucas horas de luminosidade, isso também acaba prejudicando a qualidade dessas lavouras. A planta precisa, sim, de água, mas ela também precisa de temperatura adequada e da quantidade de luz solar ideal para que a lavoura tenha melhor qualidade”, explica.

Já para as regiões Norte e Nordeste, que costumam sofrer com a seca em períodos de El Niño, os modelos de previsão do tempo não indicam seca severa, assim como as que ocorreram nos anos de 2015 e 2016.

Apesar disso, os trabalhos de agricultura também devem ser desafiadores nessas regiões.

Algumas áreas do Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia) terminam o vazio sanitário neste fim de semana. Porém, na contramão da região Sul, o solo está extremamente seco nessas localidades, o que também dificulta os trabalhos de plantio.

“O início do plantio da safra de verão vai se dar de forma bem escalonada — conforme a chuva vai chegando, vai ocorrendo o plantio, exceto em áreas que têm sistema de irrigação. Agora, onde não tem, o solo está extremamente seco. É uma das áreas com solo mais seco do Brasil neste momento”, diz Desireé.

A meteorologista afirma que a chuva um pouco mais expressiva só deve acontecer — e de forma gradual — a partir da segunda quinzena de outubro.


Já no Sudeste e no Centro-Oeste, a primavera terá cara de verão, com muitos dias de sol pela manhã, calor e chuva à tarde.

“Claro que vez ou outra a gente vai ter dias com maior quantidade de nuvens, até com alguns episódios de chuva, mas já vai ser bem mais raro isso. Na maioria das vezes, a chuva virá na forma de pancada”.

No entanto, Desireé destaca que, para a agricultura, mais importante do que a quantidade de chuva é a qualidade da precipitação nessas regiões.

“O que importa é como que essa chuva vai acontecer. Em algumas localidades, o modelo [de previsão] até indica a chuva acima da média, mas se ela vier na forma de pancada rápida, ou se chover num canto da Fazenda e no outro não, será uma chuva mal distribuída”, explica.

Para a meteorologista, a qualidade da chuva é o grande desafio das duas regiões.

“Vai faltar chuva? Não, não vai faltar. Mas como eu falei: este é o desafio do Sudeste e do Centro-Oeste”, conclui.


Conab prevê queda na produção do milho

A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) prevê que a safra de milho caia em 9,1% em relação ao ciclo anterior, com estimativa de 119,8 milhões de toneladas.

Os valores são consequência de uma redução de 4,8% na área plantada, que abrange 21,2 milhões de hectares, além de retração de 4,6% nas produtividades esperadas, após os recordes de 2022/23.

Por outro lado, apesar da previsão de chuvas intensas na região Sul, a Conab estima que a produção de soja no Brasil para o período 2023/24 atinja um recorde de 162,4 milhões de toneladas. O valor representa aumento de 5,1% em relação à safra anterior.

A estimativa foi impulsionada pelo crescimento de 2,8% na área de plantio, que abrange 45,3 milhões de hectares — aumento de 2,2% na produtividade, com 3.585 quilos por hectare.

Já para o arroz, a Conab prevê aumento de 12,8% no volume nacional, totalizando 11,3 milhões de toneladas. Além disso, a área plantada do grão deve se expandir em 10,2% na próxima safra, com incremento de produtividade de 2,4%.

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