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Sunday, March 23, 2025

Brasil perdeu 3% da superfície de água nos últimos 40 anos, mostram dados de satélite. Pantanal, o bioma mais afetado, está 60% mais seco do que a média histórica

 

Rio Paraguai em trecho que passa por Corumbá (MS) durante seca em 2024; o curso d'água é o mais importante do pantanal - Clovis Neto - 09.out.24/Folhapress  

 Everton Lopes Batista

 



São Paulo

A área do Brasil coberta por água teve nova redução em 2024, segundo dados do MapBiomas obtidos por satélites. O total de 17,9 milhões de hectares registrados no ano passado é cerca de 2,2% menor do que a superfície de água anotada em 2023 (18,3 milhões) e aproximadamente 3,2% abaixo da média da série histórica (18,5 milhões), iniciada em 1985.

É o segundo ano seguido com queda na lâmina hídrica no país, de acordo com a análise da plataforma colaborativa, que une universidades, ONGs e empresas para fazer o monitoramento. Em 2023, o valor já havia apresentado queda de aproximadamente 2,6% em relação ao total de 2022.

Pantanal
Pantanal

Na última década, ocorreram 8 dos 10 anos mais secos de toda a série histórica do MapBiomas sobre a cobertura hídrica no Brasil, que completa 40 anos de análises.

Nos últimos 15 anos, apenas 2022 ficou acima da média histórica de superfície de água, com 18,8 milhões de hectares. Para comparação, todos os primeiros 15 anos da série (de 1985 a 1999) tiveram valores acima da média.

"Temos um histórico recente de muitos anos secos, seguidos de uma recuperação pontual em 2022. Se olharmos os últimos 25 anos, o cenário é preocupante e crítico, pois a superfície de água permanece na média da série histórica ou abaixo dela", diz Juliano Schirmbeck, coordenador técnico do MapBiomas Água.

"Nunca mais atingimos o patamar de disponibilidade hídrica que tivemos entre 1989 e 1999, uma década de maior abundância de água no país", completa.

 O pantanal é o bioma que mais perdeu cobertura de água no país. Foram 366 mil hectares computados em 2024, número mais de 60% abaixo da média histórica para a região.


"No começo da série, o pantanal ficava meio ano inundado, o que era normal para aquele ecossistema. Hoje o período de inundação é muito mais curto, durando apenas dois ou três meses inundados, quando ocorrem", afirma Schirmbeck.

Segundo o pesquisador, em 2024, o bioma passou todos os meses com valores de superfície de água próximos dos mais baixos já registrados desde 1985.

A amazônia concentra mais da metade da superfície hídrica brasileira (61%), seguida da mata atlântica (13%), pampa (10%), cerrado (9%) e caatinga (5%). O pantanal é o bioma com a menor cobertura de água do país (2%).


 

Apesar da queda nacional, caatinga, cerrado e mata atlântica registraram em 2024 uma cobertura de água acima da média da série histórica.

O cerrado já possui mais superfície de água artificial, como reservatórios e represas, do que natural, como rios e lagos. A lâmina artificial de água já é 60% do total no bioma. Em todo o país, a chamada água antrópica (com ação humana) aumentou 54% em relação a 1985, de acordo com o MapBiomas.

Essas estruturas que reservam água estão localizadas, principalmente, em áreas com maior população, como mata atlântica, pampa, caatinga e cerrado.

De acordo com os dados, em 2024 os corpos d’água naturais apresentaram uma redução de 15% em relação a 1985.

 

"Esse dado é alarmante, porque, ao observarmos o ambiente natural, vemos que ele está secando. Se o ambiente natural tem pouca água, logo não teremos água suficiente chegando aos reservatórios. Estamos ficando sem água, mesmo que estejamos armazenando", conclui Schirmbeck.

As mudanças climáticas trazem alertas adicionais. "A maior parte do Brasil tem previsão de redução dos padrões de precipitação, e isso já nos preocupa diante do cenário atual", destaca o pesquisador.

Para Schirmbeck, a adoção de soluções baseadas na natureza, priorizando a proteção de nascentes de rios e a valorização de áreas úmidas, que atuam como reservatórios nas secas e sumidouros em períodos de cheias, pode ser um caminho para contornar os efeitos causados por eventos climáticos extremos, cada vez mais frequentes.

 



 

Saturday, January 11, 2025

Lei aprovada em Mato Grosso quer converter Amazônia em Cerrado; entenda. Estudo mostra que mudança liberaria 5,3 milhões de hectares para o desmatamento; deputado nega incentivo à derrubada de floresta.

 

Lei abre brecha para aumento do desmatamento no Mato Grosso, afirmam ambientalistas Foto: Tiago Queiroz/Estadão




 
 

BRASÍLIA- Uma lei aprovada pela Assembleia Legislativa do Mato Grosso quer converter florestas antes consideradas pertencentes à Amazônia em vegetação classificada como do Cerrado. Caso a medida seja sancionada pelo governador Mauro Mendes (União), o porcentual de reserva legal, ou seja, a área onde o desmate é proibido, cairá de 80% para 35%. O texto foi aprovado na quarta-feira, 8, por 15 votos a 8.

Na prática, segundo ambientalistas, a mudança deixará uma área maior suscetível ao desmatamento. Isso porque com a queda do porcentual de reserva legal, produtores rurais poderão expandir suas áreas agrícolas sobre a vegetação.

 O projeto de lei complementar 18/2024 foi apresentado originalmente pelo Executivo, em maio do ano passado, para fazer um ajuste na escala de mapas utilizada como base pela Secretaria de Estado do Meio Ambiente para operar o Cadastro Ambiental Rural (CAR). O projeto, no entanto, sofreu diversas alterações durante a tramitação, o que acabou desfigurando a proposta.

O texto aprovado, de autoria do deputado Nininho (PSD), traz uma nova redação para a lei que cria definições para áreas que seriam classificadas como floresta, pertencentes ao bioma Amazônia, e as que seriam enquadradas como Cerrado.




 

O dispositivo diz que serão definidas como “floresta” as áreas com predominância de vegetação “com as médias de alturas totais a partir de 20 metros, e que apresentem indivíduos com alturas máximas entre 30 (trinta) e 50 (cinquenta) metros”. Já “as áreas com predominância de indivíduos com a média das alturas totais até 20 metros” serão classificadas como Cerrado.

O deputado Lúdio Cabral (PT) chegou a apresentar outro substitutivo para suprimir a redação e preservar a proposta original do Executivo, mas o texto não passou.

 

Milhões de hectares vulneráveis

Um estudo feito pelo Observatório Socioambiental de Mato Grosso afirma que a mudança permitiria o desmatamento de 5,2 milhões de hectares. Em nota, o Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM) cita o levantamento e classifica como “retrocesso” a aprovação da lei na assembleia. Segundo o Ipam, a perda de florestas acentua as mudanças climáticas.

“Estudos científicos já demonstraram que não é mais necessário derrubar nenhuma árvore para ter mais produtividade no campo. Em muitos casos, os ganhos podem dobrar ou até triplicar apenas restaurando áreas degradadas ou reutilizando pastos abandonados”, afirma no comunicado o diretor-executivo do Ipam, André Guimarães.

 

Após a repercussão negativa da lei, o deputado Nininho afirmou em nota publicada em seu site que a legislação proposta atende as exigências feitas pelo Supremo Tribunal Federal para identificação de biomas.

“O projeto não aumenta nem incentiva o desmatamento no Estado. Estamos adequando o que já foi decidido pelo STF e adotando dados mais precisos do IBGE, em conformidade com o projeto original enviado pelo próprio Governo do Estado”, argumentou no comunicado.

Procurado pelo Estadão neste sábado, 11, o deputado não se manifestou sobre o tema. A Secretaria de Estado de Meio Ambiente de Mato Grosso também não se posicionou até o momento. O espaço permanece à disposição.


 

 

Summer 2025 was hottest on record in UK, says Met Office. Unprecedented average temperature made about 70 times more likely by human-induced climate change, says agency

The water levels at Broomhead reservoir in South Yorkshire have been low this summer. Photograph: Richard McCarthy/PA by   Damien Gayle The...