Monday, October 25, 2021

Mudança climática, um novo tema para o direito

 





Cada vez mais cidadãos e organizações não governamentais em todo o mundo estão buscando os tribunais por justiça sobre mudança climática. O alcance sem precedentes dessas disputas merece ser destacado. Esse tipo de litígio relativamente recente está forjando a opinião pública, e constitui uma forma de pressão sobre os Estados e as indústrias que os está forçando a sair de sua inércia..

Anne-Sophie Novel

Os anos se passam e novos recordes são definidos para o aumento das temperaturas. Os Gases de Efeito Estufa continuam a aumentar, e as populações em todo o mundo estão cada vez mais preocupadas e descontentes com a falta de reação dos Estados frente à crise da mudança climática. Como resultado, o número de ações judiciais contra a inércia frente à mudança climática está em forte crescimento.

O primeiro caso deste tipo no mundo foi apresentado em 2013, na Holanda. A Fundação Urgenda(link is external), um grupo ambientalista holandês, processou o governo pelo “fracasso do Estado holandês em tomar ações suficientes para evitar a mudança climática perigosa”. Na época, a Holanda era um dos países mais poluidores da União Europeia, e a Fundação exigiu a tomada de medidas para reduzir as emissões do país de 25% para 40% até 2020 (em comparação aos níveis de 1990).

Em 24 de junho de 2015, o Tribunal de Primeira Instância de Haia decidiu em favor da Urgenda – sentença confirmada em 9 de outubro de 2018 pelo Tribunal de Apelação de Haia, com base em fatos cientificamente comprovados e em consonância com o princípio tradicional do dever de diligência de um governo. O tribunal decidiu que as emissões holandesas de gás devem ser reduzidas em pelo menos 25%. Reconhecida como a primeira ação judicial de responsabilização climática do mundo, esta decisão estabelece um precedente que, desde então, inspirou outras ações legais por todo o mundo.

Em 5 de abril de 2018, o Supremo Tribunal da Colômbia decidiu em favor de 25 jovens que haviam processado o governo por não garantir seus direitos fundamentais à vida e ao meio ambiente. Com o apoio da Dejusticia(link is external), uma ONG de direitos humanos com Sede em Bogotá, eles obtiveram uma decisão judicial ordenando que o governo, os governadores de províncias e os municípios elaborassem um plano de ação para preservar a floresta – evocando seu dever de proteger a natureza e o clima em favor das gerações presentes e futuras.

Mais cedo no mesmo ano, na Noruega, um veredito menos favorável aos reclamantes foi proferido. Em 2015, duas ONGs, a Greenpeace Nordic e a Nature and Youth, se opuseram à abertura de novas áreas de perfuração de petróleo e gás no Mar de Barents, no Oceano Ártico, um dos mais frágeis ecossistemas do mundo. No entanto, o Tribunal de Oslo decidiu que esses novos esforços de perfuração não violavam a Constituição da Noruega. Exigiu-se que as ONGs reembolsassem 580 mil coroas norueguesas ($ 66.100) em custas judiciais ao governo.

ATambém em 2015, nos Estados Unidos, 21 jovens representados pela organização sem fins lucrativos Our Children’s Trust, apresentou um recurso em um tribunal do Oregon exigindo que o governo federal dos Estados Unidos reduza significativamente as emissões de CO2. Sua queixa afirma que o governo, por meio de ações afirmativas que causam a mudança climática, violou os direitos constitucionais da geração mais jovem à vida, à liberdade e à propriedade, e não protegeu os recursos essenciais da confiança pública.

Conhecido como Juliana v. United States Youth Climate Lawsuit(link is external) (Processo Judicial Climático Juliana x Estados Unidos, em tradução livre), este julgamento precisa ainda ser aprovado pelo Supremo Tribunal, apesar do apoio de centenas de pessoas, inclusive membros do Congresso dos EUA, juristas, empresários, historiadores, médicos, advogados internacionais, ambientalistas, e mais de 32 mil jovens com menos de 25 anos..

Em uma audiência sobre o caso, em 4 de junho de 2019, realizada pelo Tribunal de Recursos da Nona Circunscrição [um tribunal federal dos EUA que precede o Supremo Tribunal], um painel de três juízes continuou cético sobre se o tribunal tinha algum papel a desempenhar ao lidar com o caso desse marco histórico. A decisão deles pode ter implicações importantes sobre se os tribunais podem ou não ser usados para julgar uma ação climática nos EUA.

No Paquistão, no mesmo ano, um agricultor conseguiu requerer aos juízes que obrigassem o governo daquele país – que é especialmente afetado pelo aquecimento global – a adotar leis sobre o clima a fim de proteger sua fazenda e garantir seu direito à alimentação e acesso à água.

Na França, a primeira ação judicial relacionada à mudança climática teve início em dezembro de 2018 pela Notre Affaire à Tous(link is external), uma associação de justiça climática, com três outras ONGs (Oxfam França, Greenpeace França e a Fondation Nicolas Hulot pour la nature et l’homme)(link is external). Chamado de “o caso do século”, apresentou seis demandas ao governo: a inclusão do clima na constituição; o reconhecimento da mudança climática como um crime de destruição ambiental; a possibilidade de os cidadãos defenderem o bem-estar climático judicialmente; a redução das emissões de Gás de Efeito Estufa (GEE); a regulamentação das atividades de empresas multinacionais, e o fim dos subsídios para combustíveis fósseis.

Auxiliada por inúmeros influenciadores, a petição foi um sucesso sem precedentes, com mais de 2 milhões de assinaturas obtidas em poucas semanas. Em março de 2019, quando ainda não havia resposta do governo, as ONGs apresentaram um recurso. Elas estão cientes de que o procedimento se arrastará, mas esperam aumentar a conscientização do público e promover a ideia de que procurar a justiça é um meio eficaz para forçar a ação.

No âmbito europeu, o primeiro litígio foi iniciado por um grupo de dez famílias de oito países – França, Portugal, Romênia, Itália, Alemanha, Suécia e também Quênia e Fiji – em maio de 2018. Os reclamantes do People's Climate Case (Processo Climático do Povo, em tradução livre) levaram o Parlamento Europeu e o Conselho da União Europeia ao Tribunal de Justiça da União Europeia por ter permitido um nível muito alto de emissões de Gás de Efeito Estufa. Segundo um press release(link is external) do People's Climate Case em abril de 2019, os reclamantes requereram aos líderes da UE a redução das emissões dos gases de efeito estufa em 55% até 2030 (em comparação a 1990), em vez da meta de 40%. Segundo eles, a meta atualmente definida é “inadequada em relação à real necessidade de evitar a perigosa mudança climática, e longe do que é necessário para proteger nossos direitos fundamentais à vida, à saúde, ao trabalho e à propriedade”.

Embora reconheça que a mudança climática afeta todos os europeus de maneiras diferentes, o EGC indeferiu o caso por questões processuais em maio de 2019, dizendo que os demandantes não tinham o direito de recorrer à justiça para contestar a meta climática da UE para 2030. As famílias que iniciaram a ação planejam recorrer ao Tribunal de Justiça Europeu – este é um caso a ser seguido.

Processar empresas pela mudança climática

Medidas jurídicas por crimes climáticos também estão sendo tomadas contra o setor privado. A natureza dos pedidos difere conforme o objetivo. Dos Estados, os reclamantes demandam mobilização e ações mais urgentes, proativas e vinculantes. Do setor privado demandam, cada vez mais, indenizações por perdas (lavouras, infraestrutura) no caso de riscos de mudança climática (ondas de calor, seca, enchentes etc.), ou a gestão dos empreendimentos a montante, especialmente em áreas costeiras.

Um dos processos mais significativos do setor privado foi apresentado na Alemanha em novembro de 2017. Após dois anos de tramitação, o tribunal concordou em apreciar o processo de Saúl Luciano Lliuya, um camponês peruano e guia montês da cidade de Huaraz (100 mil habitantes). Lliuya está processando a gigante alemã do setor de energia, RWE, a maior emissora de carbono da Europa, para forçá-la a pagar pelos danos causados pela mudança climática nos Andes. Depois que sua ação judicial foi considerada admissível, o processo entrou na fase de avaliação de especialistas. É um avanço simbólico para comprometer os Estados e as corporações à justiça climática mundial.

Nas Filipinas, em 2015, os sobreviventes do supertufão Haiyan e uma coalização de ONGs apresentaram um pedido na Comissão de Direitos Humanos do país para agir contra 47 multinacionais, incluindo a Shell, a ExxonMobil e a Chevron. Eles exigiram uma investigação sobre violações dos direitos humanos relacionadas aos efeitos da mudança climática e da acidificação dos oceanos, e o possível fracasso das empresas mais poluentes em cumprir suas responsabilidades para com o povo filipino. Outro caso a ser seguido..

Nos Estados Unidos, as ações judiciais contra a indústria petrolífera estão se multiplicando. A Big Oil [como são conhecidas as maiores empresas de petróleo e gás de capital aberto do mundo] foi acusada de ser responsável pela mudança climática e seus efeitos (aumento dos níveis de água e erosão costeira) e de deliberadamente “desacreditar” a ciência climática.

O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) registrou quase 900 processos climáticos em todo o mundo, em maio de 2017. O número está aumentando diariamente: em maio de 2018, o banco de dados do Sabin Center for Climate Change Law (Centro Sabin para a Lei da Mudança Climática, em tradução livre), da Universidade Columbia, em Nova York, contou 1.440 processos judiciais relacionados ao clima em todo o mundo, incluindo 1.151 nos Estados Unidos.

“Algumas vezes, os reclamantes sabem muito bem que o julgamento não tem chance de êxito, mas é a cobertura da mídia que importa, e a forma como o processo é orquestrado”, explica Sandrine Maljean-Dubois, diretora de pesquisa no CNRS (Centro Nacional para Pesquisa Científica) da Universidade Aix-Marseille, na França. Segundo ela, como ela vê, “a principal questão é determinar que o Estado fracassou, que é responsável por essa deficiência e que deve remediar isso e escolher os meios para cumprir com suas obrigações”. É, portanto, uma questão de obter ação em vez de compensação, e de exercer pressão política por meio de ações judiciais, mas também por meio de passeatas ou de greves em favor do clima e, finalmente, de ver a sociedade civil adotando esse tipo de abordagem para outros assuntos – poluição do ar, biodiversidade, meio ambiente etc. “Mesmo perder uma ação judicial pode ser positivo, para mostrar a inadequação da lei”, conclui Maljean-Dubois.

.UNESCO Green Citizens

Anne-Sophie Novel

Jornalista francesa, autora e diretora de cinema que se concentra em questões ambientais, econômicas e sociais, Anne-Sophie Novel trabalha para o Le Monde, Le 1, Public Sénat e publicações francesas especializadas. Ela dirigiu o documentário Les médias, le monde et moi (A mídia, o mundo e eu, em tradução livre), cuja pré-estreia foi realizada na UNESCO, em 28 de março de 2019.

Sunday, October 3, 2021

Mudança Climática - Por que preço global de alimentos hoje é um dos mais altos da História moderna. By BBC



Os preços dos alimentos no mundo dispararam quase 33% em setembro de 2021 em comparação com o mesmo período do ano anterior.

O dado é do índice de preços de alimentos mensal da Agência das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura, a FAO, que também identificou que os preços globais subiram mais de 3% desde julho, alcançando níveis que não eram vistos desde 2011.

O índice de preços dos alimentos é programado para registrar o resultado das alterações combinadas de preço numa gama de produtos alimentícios, entre eles azeites vegetais, cereais, carne e açúcar - e compará-los mês a mês.

Ele converte os preços praticados atualmente em um índice, que os compara aos níveis de preços médios entre 2002 e 2004. Esta é a fonte padrão para rastrear os preços dos alimentos, conhecidos como preços nominais (que não são ajustados pela inflação).

Embora os preços nominais nos digam o custo monetário da compra de alimentos no mercado, os preços ajustados pela inflação(o que os economistas chamam de preços "reais") são muito mais relevantes para a segurança alimentar: demonstram a facilidade com que as pessoas podem ter acesso à sua própria nutrição.

Os preços de todos os produtos e serviços tendem a aumentar mais rapidamente do que a renda média (embora nem sempre). A inflação significa que os consumidores não só têm que pagar mais por unidade de alimento (devido ao aumento do preço nominal), mas também têm proporcionalmente menos dinheiro para gastar com isso, devido ao aumento paralelo dos preços de tudo o mais, exceto de seus salários e outros proventos. .

Em agosto passado, analisei o Índice de Preços de Alimentos da FAO ajustado pela inflação e descobri que os preços globais reais dos alimentos estavam mais altos do que em 2011, quando os distúrbios alimentares contribuíram para a derrubada de governos na Líbia e no Egito.

Com base nos preços reais, atualmente é mais difícil comprar alimentos no mercado internacional do que em quase qualquer outro ano desde que a ONU começou a registrar esses dados, em 1961. As únicas exceções são 1974 e 1975- aumentos que ocorreram após um pico no preço do petróleo em 1973, que gerou inflação acelerada em vários setores da economia global, incluindo produção e distribuição de alimentos.

Então, o que está levando os preços dos alimentos a altas recordes agora?

Preço dos combustíveis, clima e covid-19

Os impulsionadores dos preços médios internacionais dos alimentos são sempre complicados. Os preços dos diferentes produtos sobem e descem com base em fatores universais, bem como com base em fatores que são específicos de cada produto e região.

Por exemplo, a alta do preço do petróleo iniciada em 2020 afetou os preços de todos os produtos alimentícios do índice da FAO, ao elevar os custos de produção e transporte de alimentos.

A escassez de mão-de-obra como resultado da pandemia de covid-19 reduziu a disponibilidade de trabalhadores para cultivar, colher, processar e distribuir alimentos- outra razão universal para o aumento dos preços das commodities.

Mas o preço médio real dos alimentos vem subindo desde 2000, revertendo a tendência de queda anterior, iniciada na década de 1960.

Apesar dos esforços globais - que, em parte, responderam às metas estabelecidas pelos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio e subsequentes Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU para reduzir a fome - os preços têm consistentemente tornado os alimentos menos acessíveis.




Cultivos cruciais

Nenhum produto tem sido consistentemente responsável pelo aumento do preço real médio desde 2000. Mas o índice de preços dos óleos comestíveis aumentou significativamente desde março de 2020, impulsionado principalmente pelos preços dos óleos vegetais, que dispararam 16,9% entre 2019 e 2020. De acordo com os relatórios da FAO, isso foi devido ao aumento da demanda por biodiesel e padrões climáticos que não contribuíram para a produção rural.

A outra categoria de alimentos com maior efeito no aumento dos preços é o açúcar. Aqui, novamente, o clima desfavorável, incluindo danos causados ​​pela geada no Brasil, reduziu a oferta e inflou os preços.

Os grãos contribuíram menos para o aumento geral dos preços, mas sua disponibilidade em todo o mundo é particularmente importante para a segurança alimentar. Trigo, cevada, milho, sorgo e arroz são responsáveis ​​por pelo menos 50% da nutrição global e até 80% nos países mais pobres.

O estoque global armazenado dessas safras tem diminuído desde 2017, já que a demanda superou a oferta. A queda nos estoques ajudou a estabilizar os mercados globais, mas os preços subiram acentuadamente desde 2019.

Novamente, as razões por trás das flutuações de cada alimento são complicadas. Mas uma coisa que merece atenção é o número de vezes, desde 2000, que clima "imprevisível" e "desfavorável" tem sido relatado pela FAO como causa de "expectativas de safra reduzidas", "safras afetadas pelo clima" e "declínio da produção".

Medidas urgentes

Os europeus podem só se preocupar com o preço do macarrão quando as secas no Canadá reduzirem a safra de trigo. Mas, à medida que o índice de preço real dos grãos se aproxima dos níveis que transformaram protestos pelo preço do pão em grandes revoltas em 2011, há uma necessidade urgente de considerar como as comunidades em regiões menos ricas podem lidar com essas tensões e evitar distúrbios.

Nossa capacidade tecnológica e organização socioeconômica não conseguem lidar com condições climáticas imprevisíveis e desfavoráveis. Este seria um bom momento para imaginar o abastecimento de alimentos em um mundo mais quente em mais de 2° C, um resultado que hoje é considerado cada vez mais provável de acordo com o último relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas.

Sem mudanças radicais, a deterioração do clima continuará a reduzir o acesso internacional aos alimentos importados, muito além de qualquer precedente histórico.

Preços mais altos reduzirão a segurança alimentar e, se há alguma certeza sólida nas ciências sociais, é que pessoas que passam fome são capazes de adotar medidas radicais para garantir seu sustento.

* Alastair Smith é professor de Desenvolvimento Global Sustentável na University of Warwick, Reino Unido. Seu artigo original foi publicado na The Conversation, cuja versão em inglês no link acima.

Airbus desenvolve avião neutro em carbono e pede apoio de governos


 

Fernanda Brigatti - Folha.com.br
TOULOUSE (FRANÇA)

Sentado em uma mesa em forma de A, em um salão de eventos climatizado e bem iluminado, o presidente-executivo da Airbus, Guillaume Faury, diz estar confiante de que o compromisso assumido pela empresa de colocar no mercado aeronaves sem pegada de carbono até 2035 será cumprido.

Algumas horas depois, a chefe de tecnologia da gigante aeroespacial francesa, Sabine Klauke, apresentava os novos modelos de asas de altíssima performance em desenvolvimento pela Airbus, naquilo que a empresa chamou de uma demonstração de sua ambição pela descarbonização. A X-wing, como foi batizada, será compatível com propulsão e sua configuração permitirá a redução de CO2 na operação. Será revolucionária, disse a executiva.

Não foram os primeiros acenos, tampouco os únicos durante os dois dias de um encontro realizado pela empresa e que orbitou em torno de sustentabilidade e dos caminhos para que a aviação se torne carbono neutro.

Para Faury, a viabilidade dos planos da companhia depende também de o assunto ser tratado de maneira global, com outros agentes do mercado. “Não é somente sobre ter o avião certo, mas ter o combustível certo, ter hidrogênio no lugar e tempo certos, no continente e preço certos. E isso não é algo que a aviação consiga fazer sozinha”, disse.

E se 2035 parece muito distante, para o desenvolvimento de alta tecnologia, “para a escala da aviação, 2035 é amanhã”. No amanhã da aviação, três apostas do que poderá mover aviões nos ares estão sobre a mesa, todas com algum nível de avanço em pesquisas e testes: baterias elétricas, combustível de aviação sustentável (identificado pela sigla em inglês SAF) e hidrogênio. Todos têm, no entanto, algum tipo de dificuldade adicional —custo ou disponibilidade— e, sozinhos, ainda não dão conta da complexidade de tornar viável um voo que não jogue toneladas de dióxido de carbono na atmosfera.

O encontro de dois dias levou a Toulouse, onde a empresa tem sua sede, centro de treinamentos e pesquisas e uma linha de montagem, dezenas de jornalistas de todo o mundo, além de blogueiros e influencers que acompanham o mundo da aviação. Mais do que reunir repórteres e entusiastas de uma fascinante indústria, o encontro pretendia estimular apoio aos grandes planos da companhia em torno da descarbonização.

Chamados à colaboração foram repetidos exaustivamente pelos agentes da Airbus, mas apareceram também nas intervenções de executivos de empresas aéreas que ocuparam o centro do salão de eventos, de forma presencial ou virtual.

Mesmo a Boeing, uma das principais concorrentes da Airbus, ao lado da brasileira Embraer, foi lembrada durante o encontro. Questionado como a concorrente norte-americana poderia “embarcar” no compromisso de aumentar a oferta de SAF e na viabilidade do hidrogênio, Faury disse que considerar que há interesses convergentes entre as empresas. “Todos concordamos que o SAF é uma alternativa de curto prazo.”

No longo prazo, a aposta da companhia é o uso da propulsão com hidrogênio. Mesmo em 2035, quando a Airbus promete entregar a aeronave 100% carbono neutro, a operação deve ser iniciada por voos regionais e de distâncias menores.

Conseguir entregar aeronaves carbono neutro é uma ambição da fabricante, mas também um imperativo comercial em um mundo que cobra cada vez mais por posicionamentos que colaborem com a questão do clima. Se essa discussão ainda é incipiente para o Brasil —e aparece com mais frequência nas estratégias de ESG (sigla para meio-ambiente, social e governança) de empresas de capital aberto—, para os europeus é uma questão de relações públicas e que toma cada vez mais espaço na agenda política.

Em julho, a União Europeia lançou um plano para reduzir os gases de efeito estufa que prevê, entre outras medidas, o fim dos carros com motores de combustão até 2035. Para a aviação, o programa europeu fala em estimular a mistura de combustíveis sintéticos e em retirar subsídios para o uso daqueles de origem fóssil, tornando a operação mais cara.

Timur Gül, chefe da divisão de políticas para tecnologia em energia para a Agência Internacional de Energia, disse durante o encontro organizado pela Airbus que nenhum setor escapará da necessidade de reduzir as emissões de dióxido de carbono.

Há uma clara preocupação com o custo da transição para uma aviação de combustíveis limpos e o quando ela será viável economicamente.

Nessa tônica entram dois pontos bastante explorados no encontro —ainda que as cifras de investimento em pesquisa e tecnologia não estejam sobre a mesa— que foi a necessidade de os governos participarem dos projetos com investimentos e redução de impostos.

“O que nós realmente precisamos é uma solução global. Quando você desenha uma aeronave, quando voa, não voa por um país”, disse Julie Kitcher, vice-presidente de comunicações e assuntos corporativos da Airbus.

Para Johan Lundgren, presidente-executivo da easyJet, é necessário que os governos e agências reguladoras estejam envolvidas nas discussões e no desenvolvimento de alternativas para os combustíveis fósseis.

“Acho que essa é uma das questões centrais para assegurar que, ao fazer a transição para essas tecnologias, o trabalho seja apoiado pelos governos, que estão nos taxando pela operações que temos”, afirmou, “Espero que no período de transição, os governo também atuem com subsídios e financiem pesquisas.”

Barry Biffle, presidente da Frontier, companhia aérea americana de baixo custo, disse acreditar que a transição para combustíveis sustentáveis será uma aposta financeira, mas vê viabilidade em manter as tarifas acessíveis. “Se você gastar menos com combustível, você vai gastar menos para voar.”

Para a Airbus, é também relevante ter as companhias por perto e animadas com as promessas para o futuro, uma vez que elas serão as operadoras das inovações.

Os planos com maior viabilidade até agora são os que usam combustíveis sustentáveis, o SAF —e muitas companhias já usam percentuais desse composto em seus voos.

O problema é a disponibilidade —não há o suficiente para todo mundo. A própria Airbus tem hoje todas as aeronaves certificadas para voar com 50% de SAF (o restante é querosene de aviação). Em março, um voo teste usou 100% de combustível sustentável. O SAF reduz em 80% as emissões de CO2.

Há alguns dias, a gigante do petróleo Shell anunciou que para os próximos quatro anos aumentará em dez vezes o volume de produção de combustíveis menos poluentes.

John Holland-Kye, presidente-executivo do aeroporto Heathrow, de Londres, no Reino Unido, disse considerar que não há outra opção que não seja fazer a transição para uma aviação mais sustentável. “Esperamos que os governo paguem pela transição.”

Thomas Reynaert, diretor da Airline for Europe, uma organização setorial de lobby que representa AirFrance-KLM, easyJet, IAG, Lufthansa Group e Ryanair, afirmou que as experiências passadas indicam que os custos da transição menos poluente serão diluídos pela alta competitividade do setor. “Precisamos trabalhar com os reguladores para que aviação continue acessível”, disse. “Hoje, porém, a pandemia ainda está na frente.”

Para Amelia DeLuca, diretora de sustentabilidade da Delta, o custo de uma aviação limpa deverá ser repartida entre empresas, governos e passageiros. No início do ano passado, a Delta anunciou um compromisso de dez anos e investimentos da ordem de US$ 1 bilhão (cerca de R$ 5,27 bilhões) para ser a primeira companhia aérea carbono neutro.

Em outra frente de investimentos da Airbus, há o uso de baterias elétricas, mas ela deve ter viabilidade limitada aos veículos aéreos urbanos, os eVTOL (sigla para veículos de pousos e decolagens verticais). Segundo Sabine Klauke, a Airbus está mais interessada em modelos híbridos, que combinem tecnologias.

No encontro de sustentabilidade em Toulouse, a empresa apresentou a nova geração do CityAirbus, seu eVTOL mais eficiente e silencioso, e que deve levar pelo menos dez anos para chegar ao mercado.

No início da semana, a brasileira Gol anunciou um acordo com a Avolon para a compra ou arrendamento de 250 eVTOL, as aeronaves elétricas de decolagem e pouso verticais. O investimento será feito pela holding Comporte, controladora da Gol. A expectativa da Avolon é conseguir a certificação das aeronaves VA-X4 eVTOL em 2024 e começar a operação em 2025.

Junto ao anúncio, a Gol também disse que substituirá 75% de suas aeronaves até 2030. A troca representará uma redução de 16% nas emissões de carbono. O compromisso da Gol com o carbono neutro vai até 2050.

Também nesta semana, a Eve, da brasileira Embraer, anunciou que passará a trabalhar com a francesa Helipass para acelerar a implantação de seu eVTOL na Europa. Em agosto, a Embraer anunciou ter feito o primeiro voo sustentado por baterias elétricas, por meio de uma adaptação do veterano Ipanema, usado para pulverizar lavouras.

Para a Embraer, a eletricidade será viável para aviões menores e carros voadores. Para aviões maiores, SAF e hidrogênio.

A Boeing, por sua vez, aposta mais nos SAF, categoria que inclui biocombustíveis como o etanol e o biodiesel, mas também carburantes tirados da compostagem de lixo e biomassa como bagaço de cana.

A repórter viajou a convite da Airbus.

The Bicycle: A Clean, Green, Perfect Machine!


 


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By https://www.bicycleworldonline.com/articles/the-bicycle-a-clean-green-perfect-machine-pg313.htm

All over the world people are beginning to realize the devastating impact of human activities on Mother Earth. Our need for energy rips resources from the earth's surface, ceaseless transportation and business needs belch tons of pollution into the atmosphere, and everywhere machines, highways, noise and smog threaten or even eclipse the sights, sounds and beauty of nature.

But there's light at the end of this dark scenario thanks to an elegant, commonplace marvel owned by the majority of westerners and accessible to almost all. It's the bicycle! This wonderfully simple vehicle reduces our impact on the earth to virtually zero, ensures health and happiness, and brings us close to nature.

The Bicycle Is The Answer
Click to enlarge!The bicycle is a clean, green, perfect machine. It can be produced with minimal resources, it doesn't create exhaust and it lets you cover short and long distances on road and off with ease, while you soak up nature's sights, sounds and smells, and leave almost no trace. Riding instead of driving also saves money, improves health and leaves you feeling relaxed and more in balance with the earth.

Fight Global Warming
Bicycling significantly reduces your carbon footprint. If you drive 10 miles to work every day in a car that gets 22 miles per gallon, hop on your bike instead and you'll save 1,863 pounds of CO2 emissions (according to the EPA), an amount equivalent to about 5% of the average family of two's yearly CO2 emissions. A 5% reduction might not sound like much but if everyone rode, we would nearly meet the 7% target set by 753 of our Nation's Mayors in their request to Congress. Plus, you'll actually become less susceptible to the over 700 tons of toxic exhaust emissions released by cars. But, don't take our word for it. Give it a try. Besides helping to save the environment, you'll feel better pedaling instead of driving, too. It's much more fun!

Bicycles Leave No Trace
Click to enlarge!Riding on the road? Unless you have to brake hard and happen to skid a tire and mark the road, you'll spin silently along leaving no trace. Riding off road? You can rut the trail if you ride in sloppy, wet conditions or skid when braking, but most riding has about the same minimal trail impact as hiking. Meanwhile, just starting your car or motorcycle causes serious air and noise pollution and underway, the damage continues with increased noise, oil drips, fumes and heavy wear and tear on our paved and dirt roads.

More Riding Saves Resources
Take into account the amount of resources needed to produce, maintain and fuel motorized vehicles, and you realize bicycling helps reduce other awful impacts of internal-combustion dependance. Every year millions of gallons of oil are spilled at sea, killing wildlife and rendering miles of ocean uninhabitable. Meanwhile even the cleanest auto factories generate massive landfill waste and lace the air with poisons. Plus, worn-out car tires and wrecked and dead vehicles fill landfills more and even litter our landscape in places. When you bicycle, though, you only improve things. Your two-wheeler uses small amounts of oil for lubrication, and some was used to make the tires. Plus, bicycles last and last, are desirable and easy to sell to a new user, or pass on, and can easily be recycled. In short, when it comes to bicycles, pollution is a non-issue.   

Buying A Bike = Saving Money
Cycling ensures you won't waste money either. Consider all the costs involved in driving; purchase price; insurance; maintenance; and of course, gas. Add it all up, and a car bought in 2000 that's used only for commuting 25 miles to work each way costs $540 per month in even the most conservative estimates. Yet, a bicycle costs almost nothing to own, ride and maintain. Regardless of the purchase price, when you buy a bike you get a superior product that will pay you back in a matter of months or even weeks.

Click to enlarge!Don't forget the health-care savings, too. According to the Surgeon General, obesity accounted for 11.6% of private health-care spending and approximately 300,000 deaths in 2002. A study of almost 200,000 General Motors employees found that overweight and obese individuals average up to $1,500 more in annual medical costs than healthy weight individuals. Simply cycling instead of driving will help anyone beat obesity and numerous other maladies. We've seen cycling help heal chronic lethargy, arthritis, diabetes, osteoporosis and depression. In fact, the Center for Disease Control estimates that if all physically inactive Americans became active, we would save $77 billion in annual medical costs. So, just by getting out there on your bicycle you'll save money and feel better than ever—who can put a price on that?  

Cyclists Make Everyone Feel Better
The more people pedal and the less they drive, the less noise pollution there is, a wonderful thing. Traffic is currently the main source of noise pollution in urban areas and it disrupts sleep patterns, increases stress and ruins our quality of life. Cycling on the other hand is so quiet that no one will know you rode by at 5:30 a.m. Off road, bikes are so quiet that wildlife routinely lets you get super close. As more and more people ride bicycles, traffic lessens, too, which means when you have to use your car there's a better chance of avoiding gridlock. And both these things reduce stress. Imagine how people would change if they didn't have to deal with constant noise and a traffic-choked commute every day.

Feel The World Around You
Click to enlarge!You're in tune with nature when you're riding, too. Your surroundings, once outside your car's metal, plastic and glass box and muted by its loud engine, become immediate and personal. You hear birds, can talk to neighbors, feel the sting of brisk mornings, the gentle push of a light tailwind and the warm glow of sunny afternoon freedom. As you take in the sights and sounds, you're part of the world around you. The pace and intimacy of the bicycle is the perfect way to experience and enjoy the environment, rather than merely observing it. And, when you venture off road and leave congestion and civilization behind, the experience is even more magical.

Ready to go green? We're here to help. We're happy to service the bicycle you have or find a new ride to take you to the green side. And, we're always delighted to discuss our favorite routes and tips to make all your rides on road and off fun and easy.

Quick and Easy Ways to be Greener Through Cycling! 

Bike more, drive less—'nuff said.
Combine bicycling with public transportation like buses or trains for greater distances.
Bring old, unwanted bikes to a bicycle donation or recycling center so they find a new home.
Patch tubes, don't replace them. Recycle bad tubes as chainstay protectors and tie-downs.
Use biodegradable chain cleaner, lube and hand cleaner.
Drink out of water bottles and refill the bottle. If you must buy bottled water, buy a large (gallon+) bottle and refill your water bottle from it. We have a great selection of water bottles.
Old spokes from wheels can be saved and bent into many useful things.
Old cogs and chainrings make great art, such as windchimes, trophies and belt buckles.
Properly dispose of all wrappers and other trash when riding on the road and trail.
Don't toss torn shorts or jerseys—sew them up yourself, or take them to a local tailor.
Bring your own reusable bag when shopping at our store. It mean one less bag at the landfill.
Consider getting a trailer to carry children, groceries and laundry. Now you're really Green!

Friday, October 1, 2021

Estamos vivendo um dos episódios de extinção mais explosivos de todos os tempos


Nytimes


Por Henry M. Paulson Jr.

O Sr. Paulson é presidente do Paulson Institute, que publicou no ano passado um grande estudo sobre como fechar a lacuna de financiamento global para a biodiversidade. Ele também foi secretário do Tesouro, presidente da Goldman Sachs e ex-presidente do conselho da The Nature Conservancy.

Crises gêmeas afligem o mundo natural. O primeiro é a mudança climática. Suas causas e consequências potencialmente catastróficas são bem conhecidas. A segunda crise recebeu muito menos atenção e é menos compreendida, mas ainda requer atenção urgente por parte dos formuladores de políticas globais. É o colapso da biodiversidade, a soma de todas as coisas vivas no planeta.

À medida que as espécies desaparecem e as complexas relações entre os seres vivos e os sistemas tornam-se desgastadas e rompidas, os crescentes danos à biodiversidade mundial apresentam riscos terríveis para as sociedades humanas.

A extinção de plantas e animais está se acelerando, movendo-se cerca de 1.000 vezes mais rápido do que as taxas naturais antes do surgimento dos humanos. Os insetos em nossos pára-brisas não são mais uma coisa do verão, à medida que as populações de insetos despencam. Quase três bilhões de pássaros foram perdidos na América do Norte desde 1970, diminuindo a polinização de plantações de alimentos. Na Índia, milhares de pessoas estão morrendo de raiva porque a população de abutres que se alimentam de lixo está criando lacunas, resultando em um grande aumento de cães selvagens que comem esses restos de comida na ausência dos pássaros.

Na semana passada, oficiais federais da fauna silvestre, como se enfatizassem o ponto, recomendaram que 22 animais e uma planta fossem declarados extintos. Eles incluem 11 pássaros, oito mexilhões de água doce, dois peixes e um morcego.

Este é um futuro em que as doenças zoonóticas (covid) estão se tornando cada vez mais comuns e a segurança alimentar mundial está em perigo.

A mudança climática e a perda de biodiversidade estão travadas em um ciclo de destruição e devem ser tratadas em conjunto. O desaparecimento dos recifes de coral do mundo oferece um exemplo. Os cientistas prevêem que 70 a 90 por cento dos recifes de coral desaparecerão nos próximos 20 anos devido ao aquecimento da temperatura do mar, água ácida e poluição. Isso colocará em risco 4.000 espécies de peixes e aproximadamente meio bilhão de pessoas globalmente que dependem dos ecossistemas de recifes de coral para alimentação, proteção costeira e empregos. Só os danos à Grande Barreira de Corais da Austrália podem custar US $ 1 bilhão por ano em receitas de gastos com turismo e 10.000 empregos.

O relatório mais recente do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas alertou que a janela está se fechando rapidamente para evitar os piores resultados climáticos. Mas a crise da biodiversidade é ainda mais imediata, e pelo menos tão alarmante. Com as mudanças climáticas, temos uma estratégia plausível, embora imperfeita, para evitar os piores resultados. O mundo precisa chegar a emissões líquidas de gases de efeito estufa por volta de 2050, reduzindo as emissões e retirando o carbono da atmosfera.

Mas para a crise da biodiversidade, não há uma estrutura comparável. Não existem soluções tecnológicas para restaurar espécies que foram extintas. E nenhuma substituição econômica e artificial para sistemas naturais como os pântanos (Pantanal MT), que fornecem proteção contra inundações, reabastecem as reservas subterrâneas e filtram a água que flui através delas. Pior ainda, algumas soluções para mudanças climáticas exacerbam a destruição da biodiversidade. Por exemplo, o impulso para expandir a infraestrutura de energia renovável em terras federais limparia terras administradas e, por fim, destruiria habitats. Abordar o clima e a biodiversidade em conjunto pode melhorar os resultados de ambos.

Neste outono, os formuladores de políticas têm duas oportunidades de agir sobre a biodiversidade antes que seja tarde demais na Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática em Glasgow e em uma conferência virtual da ONU sobre biodiversidade.

Primeiro, o governo e os líderes empresariais devem fazer um juramento ao estilo hipocrático de proteger o meio ambiente. Tal compromisso deve abranger decisões de investimento, práticas comerciais e gastos do governo, incluindo subsídios à indústria.

Os governos agora estão medindo as emissões de dióxido de carbono e definindo metas e políticas para reduzi-las. Da mesma forma, os governos devem desenvolver estratégias para proteger a biosfera natural. Aqueles que prejudicam a natureza devem ser penalizados; aqueles que o protegem devem ser recompensados.

A gama de ferramentas inclui abordagens que geram fundos para restauração ecológica, como taxas de usuários pagas por navios-tanque e políticas que promovem sistemas baseados no mercado para proteger áreas úmidas e florestas. E assim como o Acordo de Paris exigia a divulgação dos riscos climáticos, os líderes em Glasgow deveriam exigir a divulgação corporativa dos impactos de suas ações sobre a biodiversidade.

Nos Estados Unidos, os subsídios para as indústrias de agricultura, silvicultura e pesca que aceleram a destruição de nosso capital natural devem ser reformados. Este valor da natureza para os humanos foi estimado em mais de US $ 125 trilhões. Não faz sentido, por exemplo, encorajar práticas que colocam em risco nosso suprimento de alimentos a longo prazo.

Os governos também devem criar incentivos para impulsionar o financiamento do setor privado para proteger e restaurar a natureza, porque os recursos financeiros que o setor privado pode utilizar excedem em muito os do setor público.

A conferência do clima de Glasgow deve encorajar todos os governos a investirem em soluções baseadas na natureza para as mudanças climáticas. Conservar e restaurar pastagens, pântanos e florestas como “sumidouros de carbono” que absorvem dióxido de carbono da atmosfera poderia fornecer até um terço das reduções de emissões necessárias até 2030.

Os benefícios da natureza são muitas vezes considerados "gratuitos". Este é um caminho perigoso. É muito menos custoso proteger e conservar a natureza do que restaurá-la ou sofrer as consequências de sua destruição.

Há um caso claro de economia, saúde e clima para proteger a natureza. Mas tão importante quanto, há um caso esmagador para preservar a natureza para seu próprio bem. É uma fonte de muitas coisas boas na vida - beleza, inspiração, inovação e curiosidade intelectual.

O mundo vive um dos episódios de extinção mais explosivos da história. Mas também estamos passando por uma transformação cultural de consciência. Eu vi um novo senso de urgência em torno das questões de conservação da natureza, um interesse crescente no campo das finanças verdes e sustentáveis ​​e uma sensação renovada de que o esforço coletivo pode fazer a diferença. A combinação dessas forças tem o potencial de galvanizar o mundo.

Nytimes 09/30/2021



 

We’re Living Through One of the Most Explosive Extinction Episodes Ever

 



Mr. Paulson is chairman of the Paulson Institute, which last year published a major study on closing the global biodiversity funding gap. He is also a past Treasury secretary, Goldman Sachs chairman and former board chairman of The Nature Conservancy.



Twin crises afflict the natural world. The first is climate change. Its causes and potentially catastrophic consequences are well known. The second crisis has received much less attention and is less understood but still requires urgent attention by global policymakers. It is the collapse of biodiversity, the sum of all things living on the planet.

As species disappear and the complex relationships between living things and systems become frayed and broken, the growing damage to the world’s biodiversity presents dire risks to human societies.

The extinction of plants and animals is accelerating, moving an estimated 1,000 times faster than natural rates before humans emerged. Bugs on our windshields are no longer a summer thing as insect populations plummet. Nearly three billion birds have been lost in North America since 1970, diminishing the pollination of food crops. In India, thousands of people are dying of rabies because the population of vultures that feed on garbage is cratering, resulting in a huge increase in feral dogs that eat these food scraps in the birds’ absence.

This past week, federal wildlife officials, as if underscoring the point, recommended that 22 animals and one plant be declared extinct. They include 11 birds, eight freshwater mussels, two fish and a bat.


This is a future where zoonotic diseases are becoming increasingly common and the world’s food security is imperiled.

Climate Fwd  A new administration, an ongoing climate emergency — and a ton of news. Our newsletter will help you stay on top of it. 

Climate change and biodiversity loss are locked together in a cycle of destruction and must be dealt with in tandem. The demise of the world’s coral reefs offers an example. Scientists predict that 70 to 90 percent of coral reefs will disappear over the next 20 years because of warming sea temperatures, acidic water and pollution. This will put at risk 4,000 species of fish and approximately a half billion people globally who depend on coral reef ecosystems for food, coastal protection and employment. Damage to Australia’s Great Barrier Reef alone could cost $1 billion a year in income from tourism spending and 10,000 jobs.

The most recent report of the Intergovernmental Panel on Climate Change warned that the window is closing fast to avoid the worst climate outcomes. But the biodiversity crisis is even more immediate, and at least as alarming. With climate change, we have a plausible, if imperfect, strategy to avoid the worst outcomes. The world needs to get to net-zero greenhouse gas emissions by around 2050 by reducing emissions and taking carbon out of the atmosphere.

But for the biodiversity crisis, there is no comparable framework. There are no technological fixes to restore species that go extinct. And no cost-effective, man-made replacement for natural systems like wetlands, which provide protection against floods, replenish groundwater reserves and filter the water that flows through them. Worse, some climate change solutions exacerbate biodiversity destruction. For example, the push to expand renewable energy infrastructure on federal lands would clear managed land and ultimately destroy habitats. Addressing the climate and biodiversity together could improve the outcomes of both.

This fall, policymakers have two opportunities to act on biodiversity before it’s too late at the United Nations’ Climate Change Conference in Glasgow and at a virtual U.N. biodiversity conference.

First, government and business leaders should take a Hippocratic-like oath to protect the environment. Such a commitment should encompass investment decisions, business practices and government spending, including subsidies to industry.

Governments are now measuring carbon dioxide emissions and setting goals and policies to reduce them. Similarly, governments must develop strategies to protect the natural biosphere. Those who harm nature should be penalized; those who protect it should be rewarded.

The range of tools includes approaches that generate funding for ecological restoration, like user fees paid by tanker ships and polices that promote market-based systems to protect wetlands and forests. And just as the Paris Agreement called for the disclosure of climate risks, leaders in Glasgow should call for mandating corporate disclosure of the impacts of their actions on biodiversity.

In the United States, subsidies for the agriculture, forestry and fisheries industries that accelerate the destruction of our natural capital must be reformed. This value of nature to humans has been estimated at more than $125 trillion. It makes no sense, for instance, to encourage practices that jeopardize our long-term food supply.


Governments must also create incentives to drive private-sector finance to protect and restore nature because the financial resources the private sector can bring to bear far exceed those of the public sector.

The Glasgow climate conference should encourage all governments to invest in nature-based solutions to climate change. Conserving and restoring grasslands, wetlands and forests as “carbon sinks” that absorb carbon dioxide from the atmosphere could provide up to a third of the emissions reductions needed by 2030.


Nature’s benefits are too often regarded as “free.” This is a dangerous path. It is much less costly to protect and conserve nature than it is to restore it or suffer the consequences of its destruction.

There is a clear economic, health and climate case for protecting nature. But just as important, there is an overwhelming case for preserving nature for its own sake. It is a source of much that is good about life — beauty, inspiration, innovation and intellectual curiosity.

The world is in the midst of one of the most explosive extinction episodes in history. But we are also undergoing a cultural transformation in awareness. I’ve seen a new sense of urgency around nature conservation issues, a rapidly growing interest in the field of green and sustainable finance, and a renewed sense that collective effort can make a difference. The combination of these forces has the potential to galvanize the world.

Henry Paulson is the founder and chairman of the Paulson Institute, which seeks to foster a cooperative relationship between the United States and China. He was Treasury secretary from 2006 to 2009 under President George W. Bush. Before that, he was chairman and the chief executive of Goldman Sachs. He also served as board chairman for The Nature Conservancy.


Opinion | Hank Paulson: The World's Biodiversity Is in Peril - The New York Times (nytimes.com)



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