Thursday, June 3, 2010

Potencial do setor deve acelerar processo de fusão de empresas


O setor bioenergético brasileiro passa por importante transformação. A produção de etanol a partir da cana-de-açúcar -energia limpa, renovável e competitiva- está na agenda global de sustentabilidade e traz um cenário novo, promissor e positivo.

Prova disso é a chegada de novos "players", como grandes operadores agrícolas e empresas petrolíferas.

Desde 2008, vê-se operações emblemáticas de redesenho do setor, como as associações entre a Cosan e a NovaAmerica, a francesa Louis Dreyfus e a Santelisa Vale, seguida por Bunge e Moema, Shell e Cosan e pela combinação de ativos da ETH Bioenergia com a Brenco. Sem falar na recente negociação entre Petrobras e Açúcar Guarani.

Esse movimento deve se intensificar, com a consolidação de empresas com escala, tecnologia e grande capacidade de investimentos e confirma a atratividade do negócio e o forte potencial de crescimento do mercado internacional para esse combustível.

A civilização do petróleo cede espaço para fontes de energia limpas e renováveis, graças ao reconhecimento de que estas últimas reduzem as emissões de CO2 e provocam efeitos positivos no clima.

Além disso, a produção brasileira de etanol traz ganhos expressivos de competitividade, com melhor eficiência nas áreas agrícola e industrial.

O mundo reconhece que a tecnologia brasileira para a produção de energia de biomassa é uma das soluções para um mercado competitivo e sustentável.

O recente reconhecimento da Agência de Proteção Ambiental dos EUA, de que o etanol de cana-de-açúcar é um combustível avançado, e a aprovação, pelo Conselho de Qualidade do Ar do Estado da Califórnia (Carb), da regulamentação do Padrão de Combustível de Baixa Emissão de Carbono (LCFS) devem beneficiar a entrada do etanol brasileiro nos EUA.

A LCFS torna obrigatória, na Califórnia, a redução em 10% das emissões de dióxido de carbono e outros gases de efeito estufa, até 2020.

O Japão também vê no etanol de cana-de-açúcar uma solução para reduzir a emissão de CO2 e sua dependência em relação a combustíveis fósseis. O governo japonês trabalha em um projeto para aumentar para até 10% a mistura de etanol na gasolina até 2020, o que criaria um mercado potencial de até 6 bilhões de litros para o etanol produzido no Brasil.

Essa transformação no cenário internacional pode abrir uma nova fase de crescimento para os investimentos no setor, estimados em R$ 100 bilhões nos próximos cinco anos, além de gerar empregos qualificados.

Chegou o momento de vencer as restrições comerciais internacionais e levar a discussão da produção de etanol para a agenda energética mundial.

Artigo publicado no jornal Folha de S. Paulo, edição de 28 de maio de 2010.


José Carlos Grubisich é presidente da ETH Bioenergia.

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