Casal inglês viajou de bicicleta pela América do Sul antes de ir a Londres
Foto: Mauro Pimentel/Terra
Foto: Mauro Pimentel/Terra
Laura Mattram admite: não gosta muito de trabalhar. O marido Patrick confirma que também não tem um emprego muito emocionante - trabalha em uma empresa de seguros. A vida dos dois em Londres, onde moram há 10 anos, já estava ficando sem graça. Muitos casais tirariam férias e viajariam para qualquer lugar do mundo para espairecer. Os dois fizeram isso, mas foram bem além: deram uma volta pela América do Sul durante 14 meses. O meio de transporte escolhido: bicicletas.
"Estávamos um pouco entediados e resolvemos fazer alguma coisa nova no nosso aniversário de 30 anos (os dois chegaram à idade durante o trajeto). Já andávamos de bicicleta e nunca tínhamos vindo para a América do Sul, um grande sonho para nós. Tudo casou muito bem", explica Laura.
A aventura de exatos 21.294 quilômetros percorridos começou na praia de Ipanema e, depois de passar pelos 12 países sul-americanos, terminou no mesmo local nesta terça-feira. Cansados e doloridos, os dois agora só querem saber de sentar em superfícies confortáveis e aproveitar dois dias de Rio de Janeiro antes de voltar para Londres, onde têm ingressos para ver as competições de polo aquático e atletismo nos Jogos Olímpicos.
"Nós tivemos bastante dificuldades para nos adaptarmos a ficar tanto tempo sentados nos bancos das bicicletas. Mas agora a sensação de voltar a Ipanema é maravilhosa. É muito bom voltar ao ponto de partida. Tudo nos parece familiar novamente", diz Patrick, que passou cinco dias com Laura na cidade antes da partida. Agora querem rever os familiares e retomar costumes ingleses deixados de lado. "Ah, não vemos a hora de tomar um café da manhã inglês completo, assim como beber uma boa cerveja inglesa".
O caminho foi árduo. "Saímos do calor do Brasil para o frio argentino e, depois, para a altitude da Bolívia. Passamos seis meses apenas na Cordilheira dos Andes com pouca roupa, precisando carregar comida e água por vários dias porque não havia um povoado perto. São experiências que a gente leva para a vida toda", conta Patrick.
Mas as belas paisagens ficam em segundo plano quando o casal lembra das pessoas que conheceram no caminho. "Definitivamente, as pessoas fizeram toda a diferença na viagem. Não nos chamava a atenção fazer isso de ônibus porque tornava o passeio meio impessoal. Todos foram muito amáveis conosco, nos convidavam para passar a noite em suas casas, nos davam comida", lembra Laura.
Ela explica que o custo da viagem - a empresa de seguros de Patrick patrocinou a aventura - acabou sendo bem menor do que o imaginado por causa da solidariedade das pessoas. O único problema foi no Peru. "Lá algumas crianças nos jogaram pedras, o que não foi muito agradável, mas foi um fato isolado numa viagem tão maravilhosa", minimiza Laura.
A viagem mal terminou e os dois já fazem planos para novas aventuras. "Eu nunca gostei muito de trabalhar, então acho que não vou aguentar ficar muito tempo em Londres. Queremos voltar para o Brasil para a Copa do Mundo de futebol. Espero que dê tudo certo", diz Laura.
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