Por décadas, naufrágios no Danúbio e não representaram grandes problemas a ponto de mobilizar autoridades. Isso mudou com as secas frequentes e intensas dos últimos anos, que têm comprometido cada vez mais a navegação marítima
Embarcações foram afundadas propositalmente por alemães em 1944 para tentar impedir avanço das tropas soviéticas na fase final do conflito. Com a baixa do nível do rio, navegação voltou a ficar prejudicada.
A seca e o calor intenso ao longo do verão europeu fizeram baixar o nível das águas no rio Danúbio e trouxeram à tona navios da frota nazista que estavam submersos no trecho que corta a cidade portuária de Prahovo, na Sérvia.
As embarcações, carregadas de explosivos, são apenas algumas dentre as centenas afundadas propositalmente pelas tropas nazistas em 1944, no final da Segunda Guerra Mundial, em uma tentativa desesperada de conter o avanço do Exército Vermelho, mas também de evitar a tomada das frotas.
Por décadas, esses navios ficaram submersos e não representaram grandes problemas a ponto de mobilizar autoridades. Nos últimos anos, porém, secas frequentes e intensas têm comprometido cada vez mais a navegação marítima.
Outros quatro navios fabricados antes de 1950 também ressurgiram na Hungria, no mesmo rio, próximo a Mohacs, na altura do parque nacional Drava, após o nível da água baixar para 1,5 metros na terça-feira (10/09).
O Danúbio é o rio mais importante para a navegação no continente, perdendo em tamanho apenas para o Volga, na Rússia. Ele liga a Floresta Negra, no sul da Alemanha, ao Mar Negro, na Romênia.
Espalhados pelo leito do rio, alguns navios ainda possuem torretas, pontes de comando, mastros quebrados e cascos retorcidos, enquanto outros estão quase totalmente submersos sob bancos de areia.
"Os capitães precisam ser extremamente cautelosos, e incidentes como encalhes ocorrem com frequência", disse Damir Vladic, gerente do porto de Prahovo, à agência de notícias AFP. "Basta um pequeno desvio da rota navegável para causar problemas."
O Danúbio é o rio mais importante para a navegação no continente, perdendo em tamanho apenas para o Volga, na Rússia. Ele liga a Floresta Negra, no sul da Alemanha, ao Mar Negro, na Romênia.Foto: Djordje Kojadinovic/REUTERS
Remoção de navios é tarefa complexa
O governo sérvio deu início a uma operação para desobstruir o rio, que deve levar um ano e meio. A primeira embarcação, um navio varredor – usado na detecção de minas –, foi retirado do Danúbio em agosto.
Trata-se de uma tarefa complexa: "Os navios estão cheios de minas, projéteis e artefatos não detonados, que poderiam causar grandes problemas, catastróficos, se explodissem", afirmou à AFP Goran Vesic, ministro da Sérvia para Construção, Transporte e Infraestrutura.
O nível do Danúbio estava em 1,17 metros em Budapeste na terça-feira, ainda acima do ponto mais baixo já registrado de 0,4 metros, em outubro de 2018. Nas cheias, o rio costuma passar dos 6 metros.
"A Europa Oriental está enfrentando condições críticas de seca que estão afetando as colheitas e a vegetação", disse o serviço climático europeu Copernicus em seu último relatório de seca, publicado no início deste mês.
As tão aguardadas chuvas começaram na segunda-feira e devem elevar o nível do Danúbio a três metros na altura de Mohacs, na Hungria, até o fim de semana. Com isso, os naufrágios devem voltar a sumir sob as águas.
ra (AFP, Reuters)
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